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[ATUALIZADO: CONFIRA] 4º SEMINÁRIO IFE/ACL :: ÉTICA E EDUCAÇÃO :: 05/DEZ/2015

Seminários IFE | 04/11/2015 | | IFE CAMPINAS

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4º SEMINÁRIO IFE CAMPINAS-A5 - site - prorrog Clique aqui para visualizar a imagem em tamanho maior, ou, para baixar o .pdf dela, clique aqui.

Prezados(as), comunicamos a realização de nosso próximo Seminário IFE Campinas em parceria com a Academia Campinense de Letras (ACL), com o tema “Ética e Educação”. As inscrições já estão abertas. Contamos com sua presença. Segue programação abaixo.

4º SEMINÁRIO IFE CAMPINAS/ACL

ÉTICA E EDUCAÇÃO :: 05/DEZ/2015 :: SÁBADO :: 14H00

[INSCRIÇÕES ABERTAS]

PALESTRAS:**

  • Ética para uma Vida Melhor***
    por Tereza Gemignani, Dra. Desembargadora do TRT – 15º Região, com Doutorado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e membro da Academia Campinense de Letras.

COFFEE BREAK: 15h30

  • Erotização da infância, dilemas e soluções
    por César Nunes, Prof. Dr. da Faculdade de Educação (FE/UNICAMP) com pesquisas em “Ética, Política e Educação” e “Epistemologia e Teorias da Educação”

LOCAL:
Academia Campinense de Letras
Rua Marechal Deodoro, 525 – Centro, Campinas – SP

INSCRIÇÕES:
Entrada Franca.
Inscrições prorrogadas até 18h00 desta sexta-feira, 04/12, porém, como ainda há vagas, sua inscrição pode ser feita no momento do evento. neste link: http://goo.gl/forms/rSbBHPNShu
Dúvidas? Contate-nos através deste site clicando no ícone “Contato” (canto superior direito)

REALIZAÇÃO: IFE CAMPINAS
PARCERIA: ACADEMIA CAMPINENSE DE LETRAS

APOIO:
ANUBRA/BRASIL
FÓRUM DAS AMÉRICAS

** Ao final de cada palestra haverá 10min. para perguntas e respostas.

*** No anúncio da versão impressa dessa 4º edição dos Seminários IFE/ACL, a primeira palestra seria do Prof. Dr. Fernando Abrahão, intitulada “A ÉTICA NA PRESERVAÇÃO E NO ACESSO AO PATRIMÔNIO DOCUMENTAL BRASILEIRO”. Infelizmente, por razões imprevistas, o Prof. Fernando não poderá comparecer. Para substituí-lo, fomos agraciados com o gentil aceite da Dra. Tereza Asta Gemignani.

Imbecilização coletiva

Sem Categoria | 22/07/2015 | | IFE CAMPINAS

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Há um tempo atrás entrei na sala como todos os dias para dar minha aula de História. Naquela ocasião se tratava de uma sala de 9º Ano, com alunos na média de 13 ou 14 anos de idade. O tema era Revolução Industrial, algo corriqueiro, mas naquele dia saí dali espantado com a geração que estamos formando.

Para dinamizar a exposição preparei alguns slides, passei um resumo básico na lousa e depois fiz uma edição de um filme que retratava a realidade sofrida dos operários ingleses do século XVIII. Assim que a exibição começou, logo de início ouvi risos aqui e ali. Pensei – como é típico do raciocínio de professor – que se tratava de alguma brincadeira ou uso de celular, que é proibido em sala de aula. Chamei a atenção da turma; a exibição seguia e com ela, não mais risos e sim gargalhadas. Foi então que notei que não estavam desatentos como eu pensei, mas rindo da exploração de crianças, chamando os operários de idiotas, torcendo para que os encarregados castigassem os operários, numa palavra, vibravam sadicamente com o sofrimento de seres humanos.

Julgando que isso podia ser fruto da imaturidade da idade, parei o filme e expliquei novamente seu conteúdo enriquecendo com mais detalhes, imaginando que isso mudaria essa visão equivocada, mas o único equivocado era eu mesmo. Os risos e brincadeiras continuaram. O documentário falava sobre o abuso sexual de mulheres e ainda assim, as próprias meninas brincavam com isso como se nada fosse. Parei outra vez e lhes perguntei sobre o que achariam de viver naquela época e ter sua mãe e irmãs abusadas… Uns se calaram, outros disfarçavam um sorriso quase incontrolável e ainda outros ousaram brincar dizendo que as coisas são assim mesmo.

Espantado com tamanha frieza, tentei terminar minha aula já pensando no que poderia fazer para ajudar esses jovens a ver as coisas de outro modo, foi quando o maior espanto me sobreveio. O documentário mostrava um cavalo já exausto pelo excesso de trabalho ser amarrado e descido de cabeça para baixo numa mina de carvão, a fim de ajudar no trabalho debaixo da terra. A verem esta cena começou um burburinho tremendo em defesa do cavalo, dos “direitos dos animais”, da injustiça contra um ser irracional indefeso etc. É óbvio que maltratar qualquer ser vivo é algo absurdo, no entanto, para um animal meus alunos demonstravam toda compaixão, mas para um ser humano, racional, digno, semelhante a eles mesmos, só demonstrações de escárnio e desprezo e nenhum sentimento de solidariedade. Como entender essa lógica?

Sempre há um conflito natural entre gerações diferentes, mas neste caso é algo mais profundo: a praga que lhes corrói sem que o percebam é o “politicamente correto”, as muitas ideologias que os assediam, a inércia espiritual em que vivem, o vazio de valores e normas. Estamos criando uma geração de bárbaros, incapazes de piedade e compaixão, vazios, sem rumo e sem sentido para as coisas. Isso se reflete na preguiça desta geração não só para o estudo, mas também em tudo o que exija esforço. Nem todos são assim, isso é verdade, mas a maioria parece se conformar a esse modelo desordenado de ser humano. O presente caso ocorreu no interior de um renomado colégio particular. Também leciono em escola pública e o comportamento não é diferente. A solução, nesse caso, vem mais de casa do que da escola. Os valores recebidos pela família é que farão a devida diferença e aí surge outro problema: muitas políticas públicas, leis, ong’s e tantas outras realidades trabalham ferozmente em prol da destruição da família. O resultado é a facilidade de imbecilizar alunos com um potencial humano e intelectual tão grandes. Destruir a família destrói não só a instituição familiar em si mesma, mas todas as demais instituições dependentes dela, inclusive a escola e a própria sociedade.

Luiz Raphael Tonon é professor de História e Filosofia, gestor do Núcleo de Teologia do IFE Campinas e leigo consagrado da comunidade Católica Pantokrator (raphael.tonon@ife.org.br).

Artigo publicado no jornal Correio Popular, edição 22/7/2015, Página A-2, Opinião.

Erotização de crianças no funk

Educação | 18/06/2015 | | IFE CAMPINAS

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O programa “Ponto de Vista”, da TV Câmara, exibido no dia 02/06/2015, discutiu a erotização de crianças no funk com o presidente da Associação Brasileira para Educação Sexual, César Nunes.

O entrevistado explicou que a sexualidade humana, diferentemente dos animais, está atravessada por uma dimensão ética. Daí a importância de uma educação afetiva para valores da sexualidade, para uma ética sexual.

Salientou, ainda, que, se já houve um tempo em que a sexualidade humana foi negligenciada ou até negada, nos nossos dias há uma verdadeira explosão da sexualidade, com a perda de seus critérios éticos e pedagógicos. Esta cultura hiper sexualizada atinge especialmente as crianças, expostas a uma erotização precoce, que atropela o desenvolvimento natural da sexualidade, com graves consequências psico-sociais.

Neste contexto, foram debatidas as ações do Ministério Público de São Paulo que investiga os casos de erotização de meninos e meninas do funk, que acarretou a proibição de shows em todo o país e a retirada do ar de páginas de redes sociais e vídeos das músicas.

Assista o vídeo a seguir:

Educação que não educa

Opinião Pública | 28/05/2015 | | IFE CAMPINAS

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O tema da educação é tão recorrente e desgastado que muita gente nem discute mais a questão. Fala-se muito, mas pouca diferença se percebe na prática. A grande praga da educação brasileira, sem generalizações apressadas, são os especialistas em educação.

O “especialismo” é um grande mal no sentido de que o “educador” de gabinete considera sua área de conhecimento como o único problema relevante e merecedor de toda atenção da sociedade. Clemenceau já dizia, referindo-se ao especialismo do exército francês que “a guerra é coisa séria demais para ficar nas mãos dos generais”. A receita pronta e a solução fácil acabam validando pareceres que só podem ser aplicados na própria mente de quem os concebeu. Educadores de gabinete que sequer conhecem a realidade de escolas públicas são os que “legislam” a partir de seus artigos, opiniões e suposições que só podem gerar riso nos professores que estão no front diário de batalha nas salas de aula.

Uma dessas “excelências” em educação, há anos atrás apregoava a luta de classes latente na educação brasileira, bradando com todos os argumentos que os professores eram explorados pelo abstrato “sistema” e que precisavam ser libertos disso. O pretenso educador-profeta elaborou sua teoria, desconhecendo certamente o cotidiano de uma sala de aula e arvorando-se em denunciador da “luta de classes”, só provocou um fardo absurdo que ajudou a remodelar a educação brasileira retirando a autoridade da escola e do professor, destruindo qualquer noção de meritocracia através da “política de não-reprovação”. A tal “libertação” das famigeradas estruturas de “exploração” burguesa não veio, provando que não há maior exploração do que impor a outros o que pessoalmente não se quer assumir. Vale aqui o princípio cristão de somente fazer ao outro o que se deseja para si.

A solução de qualquer tipo de problema só pode chegar a bom termo a partir da diversificação de visões sobre um mesmo assunto. É louvável que um profissional valorize sua formação, mas jamais deve fazê-lo perdendo a visão de conjunto. Quem não é especialista, muitas vezes consegue ter uma visão mais lúcida da realidade, daí a importância em se adquirir e cultivar certa erudição e uma visão mais eclética das coisas, fornecendo sempre mais elementos para um juízo claro sobre a realidade.

O político grego, atento aos problemas da polis conseguia ter uma visão de conjunto que o capacitava a eleger prioridades de modo prático. São Bento de Núrsia grande herdeiro e difusor da cultura greco-romana na época da decadência do Império Romano, estabelece um princípio claro e objetivo para a gestão: na eleição de um abade, se tivessem como candidatos um monge santo, um erudito e um prático, deveriam optar pelo prático, pois ao santo cabe rezar; ao erudito cabe estudar e difundir o que sabe e ao prático, por ter visão objetiva das coisas, cabe governar. Aqui está um princípio básico de gestão criado no século V e que hoje ainda conserva sua validade e efetividade.

Portanto, soluções prontas e demasiadamente plásticas devem suscitar desconfiança por carecerem de embasamento na realidade. Pode ocorrer que tenham um embasamento virtual construído sobre pressupostos teóricos e amplamente louvados como as “pedagogias do amor ou do oprimido” que melífluamente resolvem tudo com base no cuidado individual e na construção do saber a partir da “realidade do educando”, ignorando, no entanto que isso não corresponde à realidade das salas de aula atuais. Simplesmente tais teses não são aplicáveis e só conquistaram o grande mérito de tentar extinguir o que havia de bom e de funcional na educação tradicional e substituí-los por práticas equivocadas e que não deram nem um terço dos frutos esperados. Temos um modelo de educação que simplesmente não educa.

 

Luiz Raphael Tonon é professor de História e Filosofia e gestor do Núcleo de Teologia do IFE Campinas (raphael.tonon@ife.org.br).

Artigo publicado no jornal Correio Popular, 15 de maio de 2015, Página A2 – Opinião.

O seu filho escreve mal?

Opinião Pública | 11/05/2015 | | IFE CAMPINAS

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Sem título

Como professor de Redação, corrijo inúmeros textos por semana. Nem sei quantos em um ano. Há oito anos realizando o mesmo ofício, gostaria de compartilhar com os pais algumas observações e experiências que podem ser esclarecedoras.

Antes, porém, gostaria de fazer duas ressalvas importantes: há jovens que não escrevem bem porque apresentam algum problema cognitivo; outros devido a um temperamento ativo, os chamados SP’s pela caracterologia, e pouco propensos a algo que não esteja ligado à ação imediata. Salvo essas exceções, vamos às considerações.

A primeira é a de que o ambiente no qual o agora jovem cresceu e hoje se desenvolve é muito relevante para uma boa escrita. Não estou sozinho nessa afirmação. O livro “Dificuldades de aprendizagem de A-Z”, escrito pela PHD na matéria, Corinne Smith, relata diversas pesquisas a esse respeito. Uma delas concluiu que crianças órfãs com sérios problemas tinham o Q.I. aumentado por terem sido adotadas por famílias de inteligência normal. As que permaneciam em instituições experimentavam um declínio no desempenho cognitivo.

Diretamente relacionado ao ambiente, está o fato de que crianças que crescem em lares nos quais o idioma é falado de forma incorreta têm problemas na interpretação de texto e na escrita. Outro ponto relevante nesse sentido é o excesso de televisão, que também afeta essa capacidade. Hoje, até mais do que a TV, é possível constatar que o celular é a principal fonte de entretenimento dos adolescentes. Pode-se até mesmo falar em vício. Basta observar o segundo em que o professor fala que a aula acabou. A primeira coisa que fazem é ligar o celular. Parecem pessoas extremamente ocupadas que têm de resolver uma questão de vida ou morte.

Mas seus pais também não agem da mesma forma?

Essas novas tecnologias podem ser ocasiões de conhecimento. Mas devo confessar que acabam sendo mera distração. E pouco qualificada. Afinal, os textos escritos nesses dispositivos têm de ser quase que “telegrafados”. Mutilam o idioma e, se hoje muitas linhas são escritas, o são de forma ruim. Portanto, as novas tecnologias podem ser benéficas, mas o fato é que são utilizadas apenas como passatempo. Via de regra, de má qualidade, ou seja, com pouca ou nenhuma profundidade e sem relevância para a vida de qualquer um, inclusive a dos jovens.

Outro fator ligado ao ambiente diz respeito às relações entre pais e filhos. Se todos estão ao celular, ninguém está conversando. Os pais narram aos filhos histórias de família, especialmente às crianças, que tem um grande interesse por elas? Os pais contam aos filhos adolescentes as alegrias e as dificuldades da vida profissional? Quando um pai diz ao filho que ele não sabe o esforço que tem de fazer para o filho estudar, temo que seja verdade. O jovem não sabe porque ninguém fala com ele.

O que escrevi tem influência direta na qualidade do texto. Um aluno que passa horas na televisão, no celular, “mexendo” no computador pouco lê. Claro, visto que ler exige algumas capacidades que a passividade dos outros meios. Exige concentração, determinação para não abandonar a leitura e reflexão para compreender o que foi lido. Vídeos tolos de internet não possuem essa exigência.

Consequentemente, o aluno que pouco lê, pouco pensa. Sem ofender ninguém, visto que aqui o pensar significa visão crítica. Se não lê e não conversa com os mais velhos sobre assuntos relevantes, sabe-se, desde Aristóteles, que escreveu na Retórica que os jovens “adoram gracejos”, que buscarão o prazer imediato.

Poderia ter escrito sobre técnicas que um pai poderia ensinar ao filho, qual o melhor livro para ler, etc. Porém, esse é o trabalho do professor em sala de aula. Sem dúvida o professor é importante. Decisivo. Mas para que um aluno possa ser um cidadão completo, que interfira de modo consciente e positivo na sociedade, não basta. Os pais sempre serão mais. Devem ser mais. É bom que sejam mais.

Muitos alunos, digo com alegria, dizem que eu sou um professor de quem eles gostam. Mas é a vocês que eles amam.

 

Eduardo Gama é mestre em Literatura pela USP, jornalista, publicitário e membro do IFE-Campinas.

Artigo publicado no jornal Correio Popular, 09/05/2015, Página A2 – Opinião.