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PALESTRA NESTE SÁBADO 28/11: Tecnologia e Ética: ‘O urgente desafio de proteger a nossa casa comum’

Diálogos CCFT | 25/11/2015 | | IFE CAMPINAS

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A5-Dialogos-Nov-2015-mailCaso não esteja visualizando a imagem acima, clique aqui.

Convidamos-lhes para a palestra deste sábado, Tecnologia e Ética: ‘O urgente desafio de proteger a nossa casa comum’, em mais uma atividade de nossos Diálogos CCFT, anterior ao nosso Seminário IFE/ACL (sábado que vem). — Entrada franca. — Inscrições abertas!

Inscrições a informações no site: http://bertato.wix.com/ccft

PALESTRA NESTE SÁBADO 28/11: Tecnologia e Ética: 'O urgente desafio de proteger a nossa casa comum'

Diálogos CCFT | 25/11/2015 | | IFE CAMPINAS

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Convidamos-lhes para a palestra deste sábado, Tecnologia e Ética: ‘O urgente desafio de proteger a nossa casa comum’, em mais uma atividade de nossos Diálogos CCFT, anterior ao nosso Seminário IFE/ACL (sábado que vem). — Entrada franca. — Inscrições abertas!

Inscrições a informações no site: http://bertato.wix.com/ccft

O seu filho escreve mal?

Opinião Pública | 11/05/2015 | | IFE CAMPINAS

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Sem título

Como professor de Redação, corrijo inúmeros textos por semana. Nem sei quantos em um ano. Há oito anos realizando o mesmo ofício, gostaria de compartilhar com os pais algumas observações e experiências que podem ser esclarecedoras.

Antes, porém, gostaria de fazer duas ressalvas importantes: há jovens que não escrevem bem porque apresentam algum problema cognitivo; outros devido a um temperamento ativo, os chamados SP’s pela caracterologia, e pouco propensos a algo que não esteja ligado à ação imediata. Salvo essas exceções, vamos às considerações.

A primeira é a de que o ambiente no qual o agora jovem cresceu e hoje se desenvolve é muito relevante para uma boa escrita. Não estou sozinho nessa afirmação. O livro “Dificuldades de aprendizagem de A-Z”, escrito pela PHD na matéria, Corinne Smith, relata diversas pesquisas a esse respeito. Uma delas concluiu que crianças órfãs com sérios problemas tinham o Q.I. aumentado por terem sido adotadas por famílias de inteligência normal. As que permaneciam em instituições experimentavam um declínio no desempenho cognitivo.

Diretamente relacionado ao ambiente, está o fato de que crianças que crescem em lares nos quais o idioma é falado de forma incorreta têm problemas na interpretação de texto e na escrita. Outro ponto relevante nesse sentido é o excesso de televisão, que também afeta essa capacidade. Hoje, até mais do que a TV, é possível constatar que o celular é a principal fonte de entretenimento dos adolescentes. Pode-se até mesmo falar em vício. Basta observar o segundo em que o professor fala que a aula acabou. A primeira coisa que fazem é ligar o celular. Parecem pessoas extremamente ocupadas que têm de resolver uma questão de vida ou morte.

Mas seus pais também não agem da mesma forma?

Essas novas tecnologias podem ser ocasiões de conhecimento. Mas devo confessar que acabam sendo mera distração. E pouco qualificada. Afinal, os textos escritos nesses dispositivos têm de ser quase que “telegrafados”. Mutilam o idioma e, se hoje muitas linhas são escritas, o são de forma ruim. Portanto, as novas tecnologias podem ser benéficas, mas o fato é que são utilizadas apenas como passatempo. Via de regra, de má qualidade, ou seja, com pouca ou nenhuma profundidade e sem relevância para a vida de qualquer um, inclusive a dos jovens.

Outro fator ligado ao ambiente diz respeito às relações entre pais e filhos. Se todos estão ao celular, ninguém está conversando. Os pais narram aos filhos histórias de família, especialmente às crianças, que tem um grande interesse por elas? Os pais contam aos filhos adolescentes as alegrias e as dificuldades da vida profissional? Quando um pai diz ao filho que ele não sabe o esforço que tem de fazer para o filho estudar, temo que seja verdade. O jovem não sabe porque ninguém fala com ele.

O que escrevi tem influência direta na qualidade do texto. Um aluno que passa horas na televisão, no celular, “mexendo” no computador pouco lê. Claro, visto que ler exige algumas capacidades que a passividade dos outros meios. Exige concentração, determinação para não abandonar a leitura e reflexão para compreender o que foi lido. Vídeos tolos de internet não possuem essa exigência.

Consequentemente, o aluno que pouco lê, pouco pensa. Sem ofender ninguém, visto que aqui o pensar significa visão crítica. Se não lê e não conversa com os mais velhos sobre assuntos relevantes, sabe-se, desde Aristóteles, que escreveu na Retórica que os jovens “adoram gracejos”, que buscarão o prazer imediato.

Poderia ter escrito sobre técnicas que um pai poderia ensinar ao filho, qual o melhor livro para ler, etc. Porém, esse é o trabalho do professor em sala de aula. Sem dúvida o professor é importante. Decisivo. Mas para que um aluno possa ser um cidadão completo, que interfira de modo consciente e positivo na sociedade, não basta. Os pais sempre serão mais. Devem ser mais. É bom que sejam mais.

Muitos alunos, digo com alegria, dizem que eu sou um professor de quem eles gostam. Mas é a vocês que eles amam.

 

Eduardo Gama é mestre em Literatura pela USP, jornalista, publicitário e membro do IFE-Campinas.

Artigo publicado no jornal Correio Popular, 09/05/2015, Página A2 – Opinião.

Conectados vivemos melhor?

Opinião Pública | 18/03/2015 | | IFE CAMPINAS

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Durante o intervalo de uma aula, não tenho como deixar de observar um fato intrigante: os alunos, em regra, não conversam mais entre si. Um ambiente formalmente socializado transforma-se numa microarena de realidades atomizadas. Eles conversam com seus celulares nas redes sociais, respondem mensagens de whatspp e passam revista nos feeds de notícias. É uma espécie de sossego absorto e solitário, próprio de quem está fora do planeta. Um sossego de alienados.

Vivemos rodeados de eletricidade. Estamos cercados pela era digital. Como sempre acontece em todas as épocas de grandes mudanças comportamentais, teremos que voltar a certas origens para entender melhor o que se passa atualmente e, de certa forma, redescobrir-nos e reinventarmo-nos. De fato, em termos de avanços científicos, a era digital produz inovações estupendas. A tentação está pretender transferir para a realidade das relações pessoais as bases desse “admirável mundo novo” científico. Existe até uma propaganda de uma conhecida prestadora de serviços celulares que parece sintetizar a sensação geral: “Conectados vivemos melhor!”. Será mesmo?

Tenho a sensação de que vamos perdendo espaço para o contato pessoal, o cara-a-cara, o tato e a audição. O relacionamento humano direto enriquece e forja a personalidade. Quando em contato com pessoas desconhecidas ou pouco conhecidas, interesso-me pelo que são, pelo que fazem, pelo que dizem e pelo que sentem, esforço-me por pensar no outro e não somente em mim.

Escutar atentamente os outros também exige sacrifício pessoal, pois tendemos à introspecção. Criar situações com o propósito de conhecer mais pessoas também não é fácil, em virtude de nossa tendência natural à acomodação. Em suma, o contato pessoal com o outro transforma-nos em pessoas mais humanas, sensíveis e melhores. Não há ninguém de quem não possamos aprender algo.

O mundo virtual, noutro enfoque, é, basicamente, impessoal. Não converso olhando nos olhos, não dou a atenção que costumo conferir no trato pessoal com o outro, não capto as reações involuntárias da pessoa com quem converso pela rede, se não gosto da imagem que a tela irradia, basta mudar num clique. Uma espécie de passe de mágica em que tudo se resolve.

No âmbito do contato exclusivamente digital, refugio-me e não preciso enfrentar o mundo real que bate à minha porta, nem com ele aprender para continuar vivendo. O relacionamento virtual dificilmente compartilha sentimentos e afetos. Somente troca informações e dados. Uma coisa que, com o tempo, esvazia-se em si mesma. Além disso, transformar nossa maquineta tecnológica na base de nossos relacionamentos humanos, dedicando horas da nossa existência diária para isso, faz mal à saúde.

Leio na imprensa que o número de viciados em todos os brinquedos tecnológicos, alguns de nomes impronunciáveis, tem subido dramaticamente. “Viciados” é o termo correto: quando estão longe de seus passatempos virtuais, esses pobres de espírito sentem o mesmo tipo de privação física e psicológica que é comum encontrar em alcoólicos ou drogadictos. Existem clínicas de reabilitação que, em 28 dias, prometem “curar” a dependência tecnológica, libertando-os dessa escravidão pós-moderna. Então, conectados vivemos melhor?

Onde está o relacionamento pessoal que vamos perdendo no contato virtual? Necessariamente, teremos que encontrar os lugares, os espaços e as oportunidades para divagarmos sobre o sentido e o alcance da ideia de que “conectados vivemos melhor”. Nem que seja numa mesa de bar ou num café e, preferencialmente, com os celulares desligados. Assim, quem sabe, depois da terceira ou quarta rodada de comes e bebes, concluiremos ser preciso o resgate da boa e velha amizade real em tempos de vida intensamente virtual, porque a vida virtual não mata a amizade real: pelo contrário, exige-a como nunca. Com respeito à divergência, é o que penso.

André Gonçalves Fernandes é juiz de direito, doutorando em Filosofia e História da Educação, pesquisador, professor, coordenador do IFE Campinas e membro da Academia Campinense de Letras (fernandes.agf@hotmail.com).

Artigo publicado no Jornal Correio Popular de Campinas, 18.03.2015, Página A-2, Opinião.