“Adoração dos pastores”, de Gerard van Honthorst (1622).
Este artigo é uma singela síntese do curso ministrado pelo professor Thomas D’Andrea – membro do Departamento de Filosofia na Universidade de Cambridge – em São Paulo entre os dias 9 de 16 de Janeiro de 2016. Longe de sequer chegar perto do brilhantismo dos valores e idéias apresentados naquela semana de estudo e comunhão, o artigo visa oferecer ao leitor uma amostra ainda que modesta das horas desfrutadas em companhia de expoentes do pensamento ocidental, como Platão e Santo Tomás de Aquino, além da alegria de ter conhecido entre os participantes pessoas que nutrem profundo zelo e estima pela busca da Verdade.
Numa conferência em 1967[1], Leo Strauss começou sua exposição com as seguintes palavras:
Todas as esperanças que mantemos em meios às confusões e perigos do presente são fundadas positiva e negativamente, direta ou indiretamente nas experiências do passado. Essas experiências, as mais amplas e profundas que preocupam nós homens do Ocidente, são indicadas pelos nomes de duas cidades, Jerusalém e Atenas. O homem Ocidental tornou-se o que ele é e é o que ele é pelo advento simultâneo da fé bíblica e do pensamento grego. Para compreendermos a nós mesmos e para iluminar o nosso caminho sem pistas para o futuro, nós precisamos entender Jerusalém e Atenas.
Este artigo conta a história do casamento dessas duas cidades e do filho gerado por elas.
Segundo Jacques Maritain, os gregos foram o “povo escolhido” da razão, os primeiros a propor uma explicação abrangente da ordem cosmológica em que estavam inseridos. Além da mitologia grega – que por sua vez representava alegoricamente eventos centrais como a criação, o decaimento da natureza humana e a morte – em Atenas desenvolveu-se a filosofia: amor ao conhecimento.
O conhecimento, para os primeiros filósofos, era visto como uma força libertadora capaz de fazer com que o homem alcançasse seu propósito: viver uma boa vida; sendo uma boa vida aquela centrada na contemplação. Para Aristóteles, essa questão era de suma importância.
Em seu texto “Protrepticus”, dirigido ao Rei de Ciprus em 350 A.C[2], Aristóteles busca persuadir o governante a reconhecer que uma boa vida só pode ser alcançada por meio da contemplação e que aquela é consequência da busca pelo conhecimento amparada na razão.
Segundo Aristóteles, as coisas existem por desígnio do pensamento, da natureza ou por mero acaso. Aquelas produto do acaso, muito embora sejam boas incidentalmente, são necessariamente de ordem inferior, porquanto não tem propósito nem fim previamente determinados. De outra forma, tudo aquilo que é produto do pensamento traz consigo um propósito e um fim (afinal, todo artesão realiza seu trabalho por um motivo almejando um resultado).
Aquelas coisas oriundas do pensamento são boas e belas à medida que seu propósito e fim estejam bem orientados: a arte da medicina é a arte de curar doenças, não de adoentar pacientes; a arte da arquitetura consiste em construir moradias, não as dilapidar. Com isso, todas as coisas, desde que propriamente orientadas, trazem consigo um bom fim e propósito.
Isso dito, dado que tudo tem um fim e propósito, quais seriam então o propósito e o fim do homem?
Segundo Pitágoras o homem existiria “para contemplar os céus[3]”; para Anaxágoras: “para contemplar tudo aquilo que se relaciona aos céus e às estrelas e à lua e ao sol nos céus, todo o restante não tendo importância[4]”. Com isso, o homem seria orientado à contemplação daquilo que o transcende.
Foi em Atenas que essa atitude filosófica floresceu. Dela salta aos olhos seu caráter especulativo e ascendente: por meio da indagação, os filósofos se engajam em especulações acerca da existência e, pelo esforço do intelecto guiado pela razão, conseguem ascender a um patamar mais elevado de entendimento como se num salto. Essa é a atitude que marca Atenas.
Muito foi dito sobre Atenas, mas resta perguntar: estaria essa atitude de acordo com aquela de Jerusalém?
Em sua Carta aos Hebreus[5], São Paulo salienta o principal aspecto da mentalidade de Jerusalém: a obediência a Deus.
Pela fé Abraão obedeceu quando Deus o chamou, e partiu para uma terra que lhe prometia dar, como uma herança. E foi, sem mesmo saber para onde ia. Sempre em resultado da sua fé, ele aceitou habitar nessa outra terra como um estrangeiro, vivendo em tendas, tal como Isaac e Jacob, aos quais Deus fez também a mesma promessa. É que Abraão esperava aquela cidade solidamente estabelecida, cujo arquiteto e construtor é Deus mesmo.
Para os judeus, essa atitude dos gregos seria uma maneira dissonante de relacionar-se com Aquele que transcende o tempo e espaço. Ao passo que os gregos tinham sua filosofia, os judeus tinham sua Revelação.
Por que Revelação? Precisamente por ser inacessível ao homem especulativamente. A escolha do povo de Israel, o envio dos profetas e a Aliança foram atos unilaterais de vontade de Deus para instruir seu povo, visto que o conteúdo dessa instrução era inacessível pela mera via ascendente da razão. E a Lei, uma vez que vem de Deus, deve ser aceita sem titubear, como a instrução de um pai a seu filho ou o comando de um pastor ao seu rebanho. Ou seja, trata-se de uma relação assimétrica pela qual Deus comunica seu designo ao homem, restando a este exercitar o que o Cardeal John Henry Newman chamou de “gramática do assentimento”.
Toda a história dos judeus narrada no Antigo Testamento, desde a Aliança com Abraão, passando pela escravidão no Egito, o Êxodo e a chegada à Terra Prometida são capítulos marcados pela necessidade de se obedecer resolutamente aos comandos de Yahweh.
Percebe-se então que Atenas e Jerusalém são cidades que aparentemente se desenvolveram de maneiras antitéticas quanto à maneira pela qual o homem se relaciona com a vida e o conhecimento. Resta, portanto, a seguinte indagação: como esses relatos aparentemente conflitantes moldaram o desenvolvimento do Ocidente? Como os filósofos e teólogos medievais lidaram com a tensão latente entre filosofia e Revelação, razão e fé, Atenas e Jerusalém?
Uma das maneiras de lidar com essa tensão foi desenvolvida por um filósofo árabe cuja forma latina do nome é Averroes, o qual deu ensejo à escola de pensamento conhecida como Averroísmo.
Averroes, nascido na Espanha no século XII, desenvolveu seu método como reação ao teologismo de alguns de seus compatriotas árabes. Para ele, a Verdade não seria encontrada em nenhuma forma de revelação, mas nos trabalhos de Aristóteles. Ele dizia que um estudo teológico bem orientado não somente sugere, mas insta a todo aquele que deseja conhecer a Deus o uso da razão para contemplar a obra Deste. Sendo assim, uma boa metafísica deve ser embasada em fundamentos lógicos sólidos, sendo necessário então o estudo da Lógica para entender o designo Deus.
Isso dito, uma questão surge: se a revelação impele o homem a buscar Deus racionalmente, porque Deus revelaria algo? A própria razão como entendida pelos gregos não seria suficiente? Para encarar esse problema, Averroes debruçou-se sobre os trabalhos de Aristóteles.
Segundo Aristóteles, existem três classes de homens e cada uma delas pode ser persuadida por um dos seguintes tipos de argumentos: (a) aqueles retoricamente atrativos; (b) aqueles que deixam probabilidades dialéticas abertas; e (c) aqueles cujas conclusões derivam necessariamente de premissas claras.
O homem comum seria persuadido pelo primeiro tipo de argumento, usualmente associado a uma figura carismática que por meio de artifícios retóricos é capaz de encantar seu interlocutor com um bom relato e deflagrar os sentimentos certos em seus espectadores. Segundo Averroes, a maioria das pessoas faria parte dessa primeira classe de homens. Com um homem prático, ele entendia isso e não via problemas, afinal: “Você não civilizará uma tribo de Beduínos por meio de metafísica[6]”.
Não da mesma forma com a segunda classe de homens. Apesar de também serem instigados a crer por um bom pregador, eles querem ao menos alguma evidência de que sua fé seja razoável. Felizmente, nada é mais simples do que achar evidências para reforçar crenças já existentes. Quanto à teologia, ela se restringiria a mostrar a razoabilidade da fé e o fato de que ela em nada contraria a razão, restando aos teólogos um papel secundário.
Todavia, o cenário é bem diferente para os homens da terceira classe. Para eles – os filósofos – todas as conclusões derivaram necessariamente de premissas claramente articuladas, não havendo espaço para nenhum tipo de revelação divina, dado que a razão seria suficiente para se adquirir conhecimento, dispensando-se a necessidade de recorrer a artifícios retóricos ou meras probabilidades dialéticas.
Em síntese: revelação seria filosofia simplificada aos néscios.
Apesar de sua tenaz defesa da metafísica, Averroes ficava embasbacado com a força civilizatória da Revelação ao elevar povos imersos no mais baixo grau de barbarismo aos mais elevados patamares de civilização. Isso nunca nenhum filósofo conseguiu alcançar, ficando seu ensinamento sempre restrito a um pequeno círculo de discípulos.
Ora, essa postura aparentemente conciliatória desagrada tanto o teólogo como o filósofo. Enquanto aquele não se conforma com a afirmação que sua fé é uma mera simplificação da filosofia para pessoas intelectualmente limitadas, este fica incomodado com fato de que a teologia também contenha aspectos da verdade mais acessíveis. Ou seja, Averroes conseguiu a proeza de desagradar gregos e troianos com sua abordagem conciliatória. Alguns séculos depois, David Hume se encontrou na mesma posição: “(…) pobre Hume, que do seu lado do mar é considerado de tão pouca religião, é aqui considerado como tendo muita[7]”. Visto o fracasso de Averroes, restou a Santo Tomás de Aquino no século XIII conciliar Atenas e Jerusalém.
Segundo Santo Tomás, razão e fé são ferramentas epistemológicas aplicadas a dois grupos diferentes de fenômenos. Enquanto ter fé é crer em algo porque foi relevado por Deus, ter ciência é assentir a algo percebido à luz da razão. Em outros termos, existe uma diferença entre saber que algo é verdadeiro e crer que algo é verdadeiro, e essa distinção delimita o campo de atuação da filosofia e da teologia. Se alguém sabe que algo é verdadeiro, o objeto da ciência não é passível de crença, dado que se se sabe é impossível crer. Igualmente, ninguém pode ter ciência de um objeto de crença, porque, se assim o fosse, o objeto seria de ciência, não de crença. Com isso, o ponto crucial é descobrir quais são as características do objeto estudado.
Dizer que os fundamentos da teologia – os chamados “artigos de fé” – são demonstráveis faria com que eles não fossem mais objeto dessa disciplina, ficando o homem somente com a teologia natural: metafísica. Cabe ressaltar que os artigos de fé não são meras probabilidades, mas sim a certeza de que Deus os comunicou por meio da Revelação. Todavia, quais sãos os fundamentos que levam a crer que Deus realmente falou? Os milagres, os profetas por Ele enviados, as profecias que se cumpriram e o nascimento de sua Igreja.
Santo Tomás continua e afirma que, além de artigos de fé, como a Trindade e a Encarnação, a Revelação também traz consigo elementos que podem ser percebidos racionalmente, tais como a existência de Deus e a imortalidade da alma.
Contudo, se a Revelação foi obra de Deus pelo fato dos artigos de fé serem inalcançáveis pela razão, por que ela também conteria doutrinas racionalmente acessíveis? “Porque embora existam poucos metafísicos, todos devem ser salvos[8]”. Mesmo a afirmação de que a existência de Deus e a imortalidade da alma podem ser percebidas pela razão foi recepcionada com profundo ceticismo, como por Guilherme de Ockham, quando não com a mais profunda revolta, como no caso de Voltaire. Dessa forma, com o intuito de atingir um maior número de pessoas e pacificar ocasionais querelas filosóficas, Deus teria incluído esses aspectos à Revelação.
Sendo assim, Santo Tomás logrou conciliar Jerusalém e Atenas, fé e razão e teologia e filosofia. Contudo, embora sua síntese contenha elementos de ambas as cidades, ela não pode ser vista meramente como realocação de algumas peças para formar uma nova escultura; como afirma Pierre Manent: “Nem profeta ou filósofo sozinho é capaz de manter o Ocidente[9]”. Diante disso, Santo Tomás personificou a atitude do filho de Atenas e Jerusalém: Roma, cidade de onde a Boa-Nova espalhou-se pelo mundo.
Não é exagero afirmar que o evento mais surpreendente da História foi o nascimento de uma criança filho de uma moça judia e de um rapaz descendente de Davi. Esse evento mudaria os rumos, não somente de Roma, mas do mundo. No Evangelho Segundo Lucas[10], a passagem que narra esse nascimento é magistral pela sua sutileza e seu caráter sintético:
Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano. Este foi o primeiro recenseamento feito quando Quirino era governador da Síria. E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se. Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galileia para a Judeia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho.
Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
São Lucas, após rapidamente apresentar o panorama do que se passava, chamou atenção ao fato singular merecedor de toda atenção: o nascimento de Jesus Cristo.
Aos olhos de Roma, o ensinamento de Jesus, a formação em seu redor de um círculo de apóstolos, seus ensinamentos e morte pouco representaram além de um foco de resistência local que logo feneceria com a morte do pastor do rebanho. Apesar disso, de ovelhas sem pastor, os cristãos surpreendentemente cresceram em número e passaram a ser ferozmente perseguidos. De maneira ainda mais surpreendente, depois de anos submetidos à perseguição, em 380 D.C o imperador Teodósio I editou o Édito da Tessalônica estabelecendo o cristianismo como a religião oficial do Império Romano. Nesse sentido, são quase proféticas as palavras proferidas por Gamaliel nos Atos dos Apóstolos[11]:
Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fora os apóstolos;
E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens, Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada.
Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.
E agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará,
Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.
Olhando-se para trás, percebe-se que a obra não foi desfeita. Ao invés do abatimento, a fé cristã se fortaleceu. Não somente Antioquia, Jerusalém e Alexandria foram testemunhas da pregação apostólica, mas logo mais Roma, Londres e Paris também o seriam. Posteriormente, não somente a Europa, a Ásia e a África estariam influenciadas pela fé cristã, mas todo o mundo desde a América até a Oceania. A Igreja, que se estabeleceu em Roma no bojo do ensinamento apostólico, foi o epicentro de onde a Boa Nova da Ressurreição de Jesus espalhou-se. Nesse contexto, a Igreja, inspirada nas cartas de São Paulo, cresceu como o Corpo Místico de Cristo, do qual participam todos os fiéis espalhados pelo mundo unidos pela mesma cidade: Roma.
Roma, então, é o filho de Atenas e Jerusalém, a cidade mediadora da tensão entre fé e razão. De Atenas, ela herdou a razão de Platão e Aristóteles. De Jerusalém, a fé dos profetas e as promessas da vinda do Messias. Por sua vez, Roma absorveu as lições dessas cidades para contar uma história: a história da encarnação de Deus. Nessa história, os judeus constituem o povo escolhido por Yahweh para o qual foi prometido um Messias. Por sua vez, os gregos foram o povo que entenderam os aspectos racionalmente acessíveis da Revelação, preparando a mentalidade dos pagãos para recebê-la.
Jerusalém e Atenas trilharam caminhos diferentes que se comunicam, aplainando montanhas e desbravando o território para chegarem a Roma. Foram esses os caminhos que levaram ao desenvolvimento do Ocidente. Desses caminhos, outros surgiram, alguns se distanciando mais e outros menos. No entanto, algo inegável e observado por Scott Hahn é que, no final, todos os caminhos levam a Roma[12].
José Freire Nunes é estudante da Faculdade de Direito do Largo São Francisco
Artigo enviado a nós pelo IFE São Paulo.
NOTAS:
[1] Conferência de 1967, publicada em inglês (Strauss, 1997, pp. 377-405). Tradução: Teresinha Costa e Marília Mazzucchelli. Revisão: Mario Miranda Filho. Tradução concedida de Jewish philosophy and the crisis of modernity: essays and lectures in modern jewish thought (ed. K. H. Green). Nova Iorque: State University of New York Press, 1997.
[2] ARISTOTLE, Protrepticus. Notre Dame. University of Notre Dame Press. Translated by Anton-Hermann Chroust. 1964.
[3] Ibid.p.8
[4] Ibid.p.8
[5] Hebreus 11:8-10
[6] GILSON, Etienne. Reason and Revelation in the Middle Ages. In: The Richards Lectures in the University of Virginia, 1939, Virginia, New York: Charles Scribner’s Sons, 1939. p.43.
[7] CAMPBELL, Mossner. The Life of Hume, Londres, 1954, p.485, citando uma carta de James MacDonald de 6 de junho de 1764.
[8] GILSON, Etienne. Reason and Revelation in the Middle Ages. In: The Richards Lectures in the University of Virginia, New York: Charles Scribner’s Sons, 1939. p.82.
[9] MANENT, Pierre. Between Athens and Jerusalem. 2012: http://www.firstthings.com/article/2012/02/between-athens-and-jerusalem
[10] Lc 2:1-7
[11] At 5:34-39
[12] Referência ao livro “Todos os Caminhos Levam a Roma”, escrito pelo casal Scott e Kimberly Hahn no qual eles narram suas respectivas jornadas espirituais e como isso os levou a converterem-se ao catolicismo.