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A treze de Maio

Opinião Pública| Teologia | 13/05/2017 | | IFE CAMPINAS

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O dia 13 de maio se aproxima e em breve também o fim de semana do Dia das Mães, providencialmente unidos neste ano. No dia 13 recordamos o centenário das aparições da Virgem Maria às três crianças portuguesas, Jacinta, Lúcia e Francisco trazendo do céu um insistente pedido de paz, penitência e conversão. Ainda neste ano celebramos também no Brasil o tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a mesma Maria de Nazaré, mãe de Jesus e invocada sob tantos nomes.

A Providência Divina uniu os destinos do Brasil e de Portugal muito antes de nossa colonização, quando na Batalha de Ourique, Dom Afonso Henriques, fundador do reino de português que combatia os invasores muçulmanos da Península Ibérica teve uma visão de Cristo, relatada na crônica denominada “Anais da Santa Cruz de Coimbra”, na qual ouviu a voz do Senhor que lhe prometeu a vitória naquela e em outras batalhas. Ao povo português reservava grandes desígnios e tarefas e por intermédio do rei e dos seus descendentes afirmou que Deus fundaria um império através do qual o Seu Nome seria levado às nações mais estranhas. Entre as nações e povos estranhos confiados a Portugal estamos nós brasileiros que deles recebemos a fé cristã. Com a chegada de Cabral no dia 22 de abril de 1500, houve um esforço apostólico de Portugal de transmitir a fé aos povos aqui encontrados e já no dia 26 rezou-se a primeira missa, tendo no primitivo altar a imagem de Nossa Senhora da Esperança que viajou junto com os portugueses até nossas terras.

Em 1640, Dom João IV consagrou Portugal e seus domínios aos cuidados de Nossa Senhora da Conceição e em 1717, durante a passagem do novo governador de São Paulo e Minas Gerais, o Conde Assumar, pela vila de Guaratinguetá, três pescadores, gente simples e sem instrução miraculosamente apanharam a imagenzinha enegrecida de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal e suas colônias a que deram o título de “Aparecida”.

Em maio de 1917, quando se completavam duzentos anos do evento de Aparecida, Nossa Senhora novamente elege três pessoas simples e de pouca instrução, desta vez crianças portuguesas da cidade de Fátima e pede-lhes que anunciem ao mundo a necessidade de oração, penitência e conversão como meios eficazes para obter de Deus o fim da guerra em curso (1ª Guerra Mundial) e para que se evitasse uma nova guerra e que a Rússia espalhasse seus “erros” (numa referência clara ao comunismo) pelo mundo. Quando a Igreja aprovou o culto a Nossa Senhora de Fátima esculpiram-lhe uma imagem retratando-a tal como as crianças a viram e para tal empreitada utilizaram cedro brasileiro. Quando, no Brasil lançou-se a pedra fundamental da nova Basílica de Aparecida celebrou o Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa, que trouxe consigo e depositou junto da pedra fundamental de nosso Santuário Nacional terra retirada do local em que Nossa Senhora apareceu em Fátima. Assim, por desígnio da Providência Divina que tudo dispõe para bem de seus filhos, os destinos do Brasil e de Portugal se uniram uma vez mais sob o olhar materno da Virgem.

Já se vão cem anos dos pedidos de Maria Santíssima e ainda hoje nos deparamos com os problemas para os quais Ela apontou a solução: amar e seguir seu Filho Jesus Cristo. Nada de novo em relação ao que Ela havia dito nas Bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo. 2,5). Se não alcançamos a paz almejada e se nos deparamos com um mundo em constantes conflitos políticos e econômicos à nossa volta é porque não fizemos uso das armas que temos, ou seja, a felicidade está em fazer o que Cristo nos pede e nada mais. Não se trata de uma ordem divina, mas da indicação paternal de como alcançar nosso próprio bem. Essa é a grande mensagem e o grande segredo de Fátima.

L. Raphael Tonon é professor de História, Filosofia e Ensino Religioso nas redes pública e particular, membro da Academia Marial de Aparecida, leigo consagrado da Com. Pantokrator e gestor do Núcleo de Teologia do IFE Campinas (raphaeltonon@ife.org.br).

Artigo publicado no jornal Correio Popular, edição 13/05/2017, Página A-2, Opinião.