Arquivo da tag: Perdão

image_pdfimage_print

Svetlana Alexiévich: “A Guerra não tem rosto de Mulher” – por Pablo González Blasco

Literatura | 16/03/2017 | | IFE BRASIL

image_pdfimage_print

Svetlana Alexiévich: “A Guerra não tem rotos de Mulher”. Companhia das Letras. São Paulo. (2016). 390 págs.

A guerra não tem rosto de mulherA partir do momento em que esta escritora recebeu o prêmio Nobel em 2015 -ela diz ser uma jornalista que transcreve a História nas vozes daqueles que nunca tiveram protagonismo-, fiquei atento ao lançamento dos seus livros, e comprei alguns deles na primeira oportunidade. Comecei a leitura por este, espicaçado pela originalidade do tema: mulheres russas na segunda guerra mundial. Uma guerra que não era a praia delas ou que, de um modo ou outro, eram episódios que tinham sido silenciados. “Nos roubaram a Vitória. Não a compartilharam conosco. Na fronte os homens nos tinham dado um trato formidável, nos protegiam. Mas na vida normal tudo isso caiu no esquecimento”. O que não deixa de ser curioso, porque todas elas tinham sido formadas no amor à pátria, de maneira incondicional: “Sempre tínhamos estado combatendo ou nos preparando para a guerra. Nunca vivemos de outra maneira, deve ser que não sabemos como viver sem isso. Na escola ensinavam-nos a amar a morte”. Um patriotismo que se mistura com a mística da alma russa que rende, por exemplo, este testemunho paradoxal e surpreendente: “Minha mãe era uma camponesa sem estudos, acreditava em Deus. Passou toda a guerra rezando-lhe a Deus, de joelhos diante de um ícone: Salva o povo, Salva a Stalin, salva o partido comunista desse monstro que é Hitler”.

Svetlana é uma escritora que dá voz ao povo. Esta obra -parece-me que as outras também- está composta com os testemunhos, magnificamente alinhavados, de multidão de pessoas; neste caso mulheres, que participaram da Segunda grande Guerra. Uma obra polifónica -como reconheceu o comitê do Nobel- fruto de um trabalho de décadas, uma investigação arqueológica, como se comentou na nossa tertúlia literária mensal.

Escritora ou jornalista, tanto faz, mais se assemelha a uma diretora de orquestra que permite a sinfonia de um relato incrível, onde todos os instrumentos tem entrada, compassos de espera, e acordes impactantes. Basta ver, por exemplo, a metodologia que utiliza na coleta de informações: “Passo longas jornadas numa casa ou num apartamento. Tomamos chá, provamos novas blusas, falamos de cortes de cabelo e receitas de cozinha. Olhamos fotos de netos. E então, depois de um tempo, surge o esperado momento onde a pessoa se volta para o seu interior. Deixa de recordar a guerra para lembrar a juventude, um fragmento de vida. É preciso agarrar esse momento. ‘Fui à fronte tão jovem que durante a guerra cresci um pouco’ (…) Os álbuns de fotografias, são como um diário íntimo. Normalmente os diários falam de amores, aqui o tema era a morte (…). As duas tínhamos tomado chá na sua cozinha. As duas chorando”. Quando leio isto, lembro-me do que se define como pesquisa qualitativa, construída através de entrevistas, montando um sujeito coletivo, e onde, sem nenhum demérito se reconhece que o pesquisador se envolve na própria pesquisa. O que não lhe resta nada de rigor científico; é como um mergulho fenomenológico. É a história através das vozes de testemunhas humildes e participantes simples, anônimos. “Sim, isso é o que eu quero transformar em literatura. Não escrevo sobre a guerra, mas sobre o ser humano. Não escrevo a história da guerra, mas a história dos sentimentos humanos. Sou historiadora da alma. A pessoa concreta, discernir o ser humano inteiro. A vibração de eternidade. O que há nele de imutável. Cada um percebe a vida através do seu lugar no mundo ou do ofício em que participa. Somos gente de caminho e de conversas”.

Penso que dificilmente alguém que não fosse mulher, e com muita sensibilidade, teria conseguido semelhantes revelações dando voz a essa polifonia feminina. Não conseguiria captar os relatos em registro feminino. Se lhe escapariam os detalhes. Além de que buscaria uma objetividade que não existe. Esta escritora-jornalista funciona como um líquido revelador dos fotogramas impresso na alma das protagonistas. E o resultado é uma avalanche de sentimentos, sensações, sofrimentos, alegrias e detalhes tremendamente femininos. Os exemplos são múltiplos, variadíssimos, até encantadores no meio da tragédia.

“Quando tínhamos um tempo de descanso, começávamos a bordar alguma coisa. Uns lenços. Nos tinham dado umas meias e polainas que convertíamos em lenços e cachecóis. Apetecia-nos fazer qualquer tarefa feminina, sentíamos falta. Qualquer desculpa servia para voltar ao nosso estado natural. E a saudade de casa, e a família.  Lembro de uma moça que regressou de uma licença, tinha estado na casa dela. Ela cheirava… a casa! Fazíamos fila para cheirá-la. (…). Se renuncias a ser mulher não sobrevives na guerra. Nunca invejei os homens. Nem durante a guerra. Sempre me alegrei de ser mulher. Há quem fale sobre a beleza das armas….Para mim nunca foram belas, sou incapaz de entender o que um  homem admira numa pistola. Eu sou uma mulher (…). Meu marido me propôs matrimônio em Berlim. A guerra tinha acabado. Senti vontade de chorar, de dar-lhe um tapa. Casamento? Nesse momento? Entre tijolos queimados e fumaça? Olha como estou. Faz-me primeiro sentir-me mulher, dá-me flores, diz-me coisas bonitas. Preciso disso! (…). De uma mochila saiu um rato, e todas demos um pulo, e algumas até gritaram. O capitão não acreditava: todas vocês têm medalhas e têm medo de um rato!”

A franco atiradora, a operadora de tanques, que se imaginam no papel de Joana d’Arc. Mulheres que se misturam com sangue e lodo e não perdem o estilo e a feminilidade. “O que levei à guerra quando me alistei? Bombons. Uma mala cheia de bombons. Gastei todo o dinheiro da minha indenização em bombons. Sabia que na guerra não precisaria de dinheiro. E pedi para me enviarem ao mesmo destino que a minha amiga (..). Tínhamos acabado o exercício de tiro e voltávamos à pé. Recolhi umas violetas, um buque pequeno, e o amarrei na minha baioneta. O comandante disse: um soldado é um soldado não uma menina que recolhe flores. Um homem não o podia compreender (…).  As mulheres sempre mencionam a beleza: “estava tão bela no caixão…parecia uma noiva”. Tinham que me entregar uma medalha e minha camisa militar estava velha, fiz um colarinho branco com gaze…. Deram-me dois ovos e eu os utilizei para limpar as botas. Sim, tinha fome, mas ganhou a mulher: queria estar bonita”.

E revelações fascinantes que um repórter homem nunca conseguiria obter. “O que é o mais espantoso na guerra? A morte? Não, para mim o mais terrível era ter de levar calções de homem. Um horror. Algo ridículo, quando estás te preparando para morrer pela Pátria. Somente muito depois, entrando na Polônia, nos deram roupa interior feminina…, Mas, estás chorando? Por quê?”. Confesso que neste momento, entendi de modo contundente e definitivo algo que os homens dificilmente compreendemos: as grifes e os preços do lingerie feminino. Um universo aparte.

E também pensei se, após ler este livro, as ideias da ideologia de gênero, nos seus espasmos de uniformidade e de opção de escolha, conseguiriam subsistir: parece-me que não restaria pedra sobre pedra. “Como ser um homem? Impossível. Nossos pensamentos são uma coisa, mas a natureza é completamente diferente. Começou um bombardeio, os homens correram para se esconder. Mas nós não escutávamos as bombas, corremos para o rio, e entramos na água. Ficamos lá até sentir-nos limpas (…)”. E uma das entrevistadas fecha a questão com a pergunta que o seu neto lhe faz vez quando vê as fotografias: Vovó, antes, na guerra, você era um rapaz?

O horror da guerra plasmado nestas páginas, encontra-se temperado por essa qualidade tão feminina que é o cuidar. Os testemunhos das que exerciam funções de enfermeiras ou de médicas, vem presidido pela ternura. “O que é a felicidade no combate? É encontrar entre os que caíram alguém com vida! (…). Perdi o dom de chorar, esse dom tão de mulheres. Saltavam dos tanques em chamas, os corpos ardendo. Tinham os braços ou pernas rotas. Me pediam: Se morro, escreva à minha mãe, escreva à minha mulher (…). Minha guerra cheira a três sustâncias: sangue, clorofórmio e iodo! No final da jornada tínhamos sangue no cabelo, empapava os aventais, as máscaras. Chegava no corpo. Negra, viscosa, misturada com urina, com excrementos, com tudo o que há dentro de um ser vivo. (…). Na guerra não há cheiros de mulheres. Todos os odores são masculinos. A guerra cheira a homem!”

A descrição da guerra, duríssima, cruel, mas em registro feminino. Algo que dá vida e deixa de ser um filme de ação, como habitualmente nos descrevem no cinema, para ser um conjunto de detalhes entranháveis no meio da pior das tragédias. “Na guerra tudo é em branco e negro. Somente o sangue é vermelho(…). Estava feliz porque não era capaz de odiar.” Justamente essa feminilidade invade capilarmente o cenário, e transforma os homens. Assim o reconhecem os soldados: “Coincidi com muitas moças combatentes, mas não as víamos como mulheres. Eram nossas amigas, as que nos tiravam dos campos de batalha. Nos salvavam, curavam nossas feridas. A mim me salvaram a vida em duas ocasiões. As chamávamos irmãs”. E elas sabem do seu poder de fogo para transformar os homens, mesmo em circunstancias adversas: “Quando os homens viam uma mulher em primeira linha mudavam por completo. A voz de uma mulher lhes transformava. Uma vez comecei a cantar em voz baixa. Pensava que todos dormiam, mas de manhã o comandante me disse: não estávamos dormindo, tínhamos tanta saudade da uma voz de mulher…! ”. Lembrei de Ortega, no seu inesquecível ensaio sobre o amor, e de como as mulheres mudam o ambiente e os homens, igual que o clima muda e formata o vegetal, com influência atmosférica.

E o amor que se veste de sangue na guerra, mas conserva a tonalidade romântica feminina, por mais cruel que sejam as circunstâncias. Diz uma das muitas viúvas:  “eu já sou velha, mas a ele o vejo jovem. Igual que quando nos despedimos. Se o vejo em sonhos também o vejo jovem.  Às vezes fico na frente da sua fotografia e lhe mostro os seus cinco netos, que ele nunca conheceu (…). Quem tenha estado na guerra, sabe o que significa separar-se, nem que seja um só dia”.

E talvez é esse modo entranhável de ver a vida com perspectiva feminina, o que nos abre o caminho para o perdão. “Na sala do hospital havia dois feridos. Um alemão e um soldado nosso, queimado. Fui cuidar do nosso soldado e me disse: eu estou bem, mas este está sofrendo. -É um nazista, disse eu. Sim, mas eu estou bem e ele sofre. Não eram inimigos: eram pessoas feridas no mesmo cômodo. Surgia uma relação humana entre eles (…). De madrugada se formavam filas de crianças alemãs. Eu não podia olhar com indiferença aquelas crianças famintas. Alimentávamos eles, curávamos-lhes. Um dia reparei que estava acariciando um deles. Eu, logo eu, estava acariciando uma criança alemã. Secou-se minha boca, acostumei-me, e eles também se acostumaram”.

A guerra é sempre uma decisão de cima, que acaba soltando o ódio e as paixões irracionais, como as torcidas uniformizadas que se animalizam. Torna-se necessário resgatar o ser humano que temos todos dentro, capaz de atrocidades, mas também de arrependimento e de perdão. “Os dois estavam queimados, negros. Arrastava a nosso ferido e pensava: volto a buscar o alemão ou não?  Compreendi que se lhe deixava morreria sangrando. Regressei a buscá-lo. Arrastei os dois. Foi em Stalingrado, o combate mais terrível. Minha querida: é impossível ter um coração para o ódio e outro para o amor. O ser humano tem um só coração, e eu sempre pensava em como salvar o meu”.

Um livro impressionante, de alto impacto. Uma experiência que transforma o leitor: muitas das leitoras da nossa tertúlia literária tiveram de interromper por dias ou semanas a leitura do livro para recuperar o fôlego… da alma. E, sem dúvida, transformou a própria escritora como ela confessa abertamente: “Não vejo o final deste caminho. O mal parece infinito. Já não posso percebê-lo apenas como um fato histórico. Quem poderá me responder? Os tempos mudam, mas e os humanos? As repetições fazem me pensar na torpeza da vida. Elas contavam tudo isto como soldados. Também como mulheres”. Um livro necessário que nos faz pensar na irracionalidade da guerra. Quando acabamos não somos mais os mesmos, acontece-nos como no final de um episódio bélico: “Quando acabava o ataque era melhor não se olhar na cara. As caras são distintas, diferentes das habituais. ” Uma leitura imprescindível. Para as mulheres, que terão orgulho de comprovar como a substância da sua alma feminina sobrevive nas circunstancias mais adversas. E para os homens, que ganharemos um respeito maior e profundo por elas.  Um Nobel mais do que merecido!!!!

 

Pablo González Blasco é médico (FMUSP, 1981) e Doutor em Medicina (FMUSP, 2002). Membro Fundador (São Paulo, 1992) e Diretor Científico da SOBRAMFA – Sociedade Brasileira de Medicina de Família, e Membro Internacional da Society of Teachers of Family Medicine (STFM). É autor dos livros “O Médico de Família, hoje” (SOBRAMFA, 1997), “Medicina de Família & Cinema” (Casa do Psicólogo, 2002) “Educação da Afetividade através do Cinema” (IEF-Instituto de Ensino e Fomento/SOBRAMFA, São Paulo, 2006) , ”Humanizando a Medicina: Uma Metodologia com o Cinema” (Sâo Camilo, 2011) e “Lições de Liderança no Cinema” (SOBRAMFA, 2013). Co-autor dos livros “Princípios de Medicina de Família” (SOBRAMFA, São Paulo, 2003) e Cinemeducation: a Comprehensive Guide to using film in medical education. (Radcliffe Publishing, Oxford, UK. 2005).

Publicado originalmente em 07/02/2017 em <http://www.pablogonzalezblasco.com.br/2016/12/18/o-esgrimista-a-paixao-por-ensinar/>

 

Almas sem bússola

Opinião Pública | 21/12/2016 | | IFE CAMPINAS

image_pdfimage_print
Imagem: FreeImages.com

Imagem: FreeImages.com

 

Era uma tarde monótona como qualquer outra quando fui arrebatado por um livro além de cativante, daqueles que prendem nossa atenção e instigam nossa imaginação. Caminhava lentamente em direção ao antigo campus central de direito da PUC-Campinas e, sem ânimo para estudar, resolvi ler um livro que peguei repentinamente antes de sair de casa.

Minha experiência com Dom Casmurro deveria ter começado dois anos antes, quando o livro constava na lista de leitura obrigatória para o vestibular. Preferi, à época, ler um resumo comentado. Quanta burrice! Sabia do que se tratava a história, mas não tinha a menor noção do que era pegar a obra de um gênio e saboreá-la, palavra por palavra. Porém, naquela monótona tarde, eu descobri. Caminhei e sentei-me nas escadarias do Planalto da Justiça, pois apreciava observar aquele lugar agitado e barulhento no centro da cidade, mas, assim que abri o livro, tudo nunca ficou tão quieto.

Cada capítulo, cada frase e cada palavra pareciam ter sido meticulosamente calculados pelo autor para, articulados, formarem uma verdadeira obra-prima. A linguagem era incrível, com uma erudição impressionante. Todas as personalidades foram engenhosamente construídas com muita maestria. Tudo em Dom Casmurro me conquistou, mas foi precisamente um aspecto do livro que me impactou profundamente.

Ao terminar de ler, confesso que fiquei atordoado por alguns dias, em uma espécie de embriaguez temporária causada pelo livro, pensando e refletindo. Cheguei a conclusão de que Dom Casmurro era uma história profundamente triste. Bentinho, o ilustre narrador da obra, era uma figura triste. Como pode um homem que teve todas as condições possíveis para se tornar a pessoa mais feliz do mundo terminar do jeito que terminou? Um velho amargurado, angustiado e solitário. Um ranzinza ciumento que terminou por amaldiçoar sua primeira e amada amiga e seu melhor amigo.

Diante de uma suposta traição, Bentinho execrou a mulher que amava, exilando-a eternamente para longe, detestou seu falecido melhor amigo, baniu de sua vida o único filho, rogando para que o mesmo contraísse a lepra e assistiu a morte chegar a cada um dos que já lhe foram queridos na vida. Reconstruiu a casa da infância, detalhe por detalhe de como a lembrava, em uma vil e desesperada tentativa de reviver um passado que não podia voltar mais. Viveu trancafiado em casa, lendo, comendo, jardinando, tendo, quando muito, algumas companheiras que nunca retornavam para uma segunda vez.

Fiquei dias pensando sobre o trágico final de Bentinho. Dei-me conta de que o principal problema de Bentinho não era, segundo ensinam os resumos de livros para vestibular, seu ciúme doentio, que lhe fez perder tudo e todos. Bento Santiago terminou infeliz porque acima de tudo não soube perdoar. Um coração agoniado como o de nosso Dom Casmurro só é possível quando se livremente escolhe conviver com os ressentimentos.

O que mais me atordoou ao refletir sobre Dom Casmurro não foi digerir sobre as angústias de Bentinho, pois sua existência, por mais bem escrita que seja, é meramente fictícia. Incomodou-me profundamente em enxergar na vida fictícia de Bentinho um retrato da vida real de muitas pessoas.

Pessoas que, como Bentinho, tiveram inúmeras oportunidades, dos mais diversos tipos e, ainda assim, livremente trilharam o caminho da própria infelicidade. Pessoas que não souberam perdoar o mal que outros lhe fizeram.
Pessoas que não souberam lidar maduramente com suas mágoas, com seus próprios erros, com seus ressentimentos, em suma, pessoas que não souberam perdoar a si mesmas.

Os orgulhosos e ressentidos encaram o perdão como uma fraqueza e o consideram como um favor que se faz aos que lhe ofenderam, porém mal sabem que perdoar é sobretudo um favor que se presta à própria alma. O ressentimento cultivado é como um veneno ao corpo, que endurece o coração, enfraquece a vontade e corrompe a alma.

Estes orgulhosos e ressentidos esquecem que, apesar de árduo e custoso, o perdão se realiza uma única vez, dando paz ao coração. Já o ressentimento, este é preciso ser renovado e alimentado todos os dias.

A partir daquela monótona tarde em que me aventurei na obra fictícia de Machado de Assis aprendi a olhar a realidade de uma forma diferente. No fundo, a nossa vida é como um barco no mar aberto. No caso de Bentinho, a lanterna era na popa e não na proa, assim, ele só conseguia iluminar as águas que deixou para trás.

Marcos José Iorio de Moraes é bacharel em Direito pela PUC-Campinas, bacharel em História pela Unicamp e membro do IFE Campinas.(marcos.jimoraes@gmail.com)