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Almas sem bússola

Opinião Pública | 21/12/2016 | | IFE CAMPINAS

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Imagem: FreeImages.com

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Era uma tarde monótona como qualquer outra quando fui arrebatado por um livro além de cativante, daqueles que prendem nossa atenção e instigam nossa imaginação. Caminhava lentamente em direção ao antigo campus central de direito da PUC-Campinas e, sem ânimo para estudar, resolvi ler um livro que peguei repentinamente antes de sair de casa.

Minha experiência com Dom Casmurro deveria ter começado dois anos antes, quando o livro constava na lista de leitura obrigatória para o vestibular. Preferi, à época, ler um resumo comentado. Quanta burrice! Sabia do que se tratava a história, mas não tinha a menor noção do que era pegar a obra de um gênio e saboreá-la, palavra por palavra. Porém, naquela monótona tarde, eu descobri. Caminhei e sentei-me nas escadarias do Planalto da Justiça, pois apreciava observar aquele lugar agitado e barulhento no centro da cidade, mas, assim que abri o livro, tudo nunca ficou tão quieto.

Cada capítulo, cada frase e cada palavra pareciam ter sido meticulosamente calculados pelo autor para, articulados, formarem uma verdadeira obra-prima. A linguagem era incrível, com uma erudição impressionante. Todas as personalidades foram engenhosamente construídas com muita maestria. Tudo em Dom Casmurro me conquistou, mas foi precisamente um aspecto do livro que me impactou profundamente.

Ao terminar de ler, confesso que fiquei atordoado por alguns dias, em uma espécie de embriaguez temporária causada pelo livro, pensando e refletindo. Cheguei a conclusão de que Dom Casmurro era uma história profundamente triste. Bentinho, o ilustre narrador da obra, era uma figura triste. Como pode um homem que teve todas as condições possíveis para se tornar a pessoa mais feliz do mundo terminar do jeito que terminou? Um velho amargurado, angustiado e solitário. Um ranzinza ciumento que terminou por amaldiçoar sua primeira e amada amiga e seu melhor amigo.

Diante de uma suposta traição, Bentinho execrou a mulher que amava, exilando-a eternamente para longe, detestou seu falecido melhor amigo, baniu de sua vida o único filho, rogando para que o mesmo contraísse a lepra e assistiu a morte chegar a cada um dos que já lhe foram queridos na vida. Reconstruiu a casa da infância, detalhe por detalhe de como a lembrava, em uma vil e desesperada tentativa de reviver um passado que não podia voltar mais. Viveu trancafiado em casa, lendo, comendo, jardinando, tendo, quando muito, algumas companheiras que nunca retornavam para uma segunda vez.

Fiquei dias pensando sobre o trágico final de Bentinho. Dei-me conta de que o principal problema de Bentinho não era, segundo ensinam os resumos de livros para vestibular, seu ciúme doentio, que lhe fez perder tudo e todos. Bento Santiago terminou infeliz porque acima de tudo não soube perdoar. Um coração agoniado como o de nosso Dom Casmurro só é possível quando se livremente escolhe conviver com os ressentimentos.

O que mais me atordoou ao refletir sobre Dom Casmurro não foi digerir sobre as angústias de Bentinho, pois sua existência, por mais bem escrita que seja, é meramente fictícia. Incomodou-me profundamente em enxergar na vida fictícia de Bentinho um retrato da vida real de muitas pessoas.

Pessoas que, como Bentinho, tiveram inúmeras oportunidades, dos mais diversos tipos e, ainda assim, livremente trilharam o caminho da própria infelicidade. Pessoas que não souberam perdoar o mal que outros lhe fizeram.
Pessoas que não souberam lidar maduramente com suas mágoas, com seus próprios erros, com seus ressentimentos, em suma, pessoas que não souberam perdoar a si mesmas.

Os orgulhosos e ressentidos encaram o perdão como uma fraqueza e o consideram como um favor que se faz aos que lhe ofenderam, porém mal sabem que perdoar é sobretudo um favor que se presta à própria alma. O ressentimento cultivado é como um veneno ao corpo, que endurece o coração, enfraquece a vontade e corrompe a alma.

Estes orgulhosos e ressentidos esquecem que, apesar de árduo e custoso, o perdão se realiza uma única vez, dando paz ao coração. Já o ressentimento, este é preciso ser renovado e alimentado todos os dias.

A partir daquela monótona tarde em que me aventurei na obra fictícia de Machado de Assis aprendi a olhar a realidade de uma forma diferente. No fundo, a nossa vida é como um barco no mar aberto. No caso de Bentinho, a lanterna era na popa e não na proa, assim, ele só conseguia iluminar as águas que deixou para trás.

Marcos José Iorio de Moraes é bacharel em Direito pela PUC-Campinas, bacharel em História pela Unicamp e membro do IFE Campinas.(marcos.jimoraes@gmail.com)

Ressentimento e delação – por Gregorio Marañón

História | 21/10/2014 | | IFE CAMPINAS

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Gregorio_Marañón_-_retrato

Retrato de Gregorio Marañón

 

O ensaísta Gregorio Marañón, curiosamente pouco conhecido por aqui, é uma das grandes figuras, se não um clássico, das letras espanholas, tanto pelo estilo sereno e equilibrado como pela altura com que analisa as idéias. A sua ampla visão humanística apóia-se em uma vasta experiência de vida: foi médico “praticante”, além de professor universitário, ao longo dos quase cinqüenta anos de vida profissional; deputado das Cortes Constituintes, por ocasião da queda da monarquia; e exilado por seis anos durante a Guerra Civil espanhola, por denunciar os abusos cometidos pelos dois lados. Isso, para não falar dos trabalhos de pesquisa e títulos acadêmicos acumulados, e das obras publicadas, que são legião.

Inovou, se não criou, algo que é quase um gênero literário, e a que ele mesmo chamava o “ensaio biológico”: um tipo de livro de análise em que examina as grandes paixões humanas, das suas características fisiopatológicas e psíquicas até o mistério da decisão livre, por meio da biografia de um personagem histórico. Um desses é Tiberio, de 1939, em que Marañón estuda o ressentimento que consumiu a vida do segundo imperador romano; e o artigo que traduzimos aqui complementa essa obra.

Hesitamos um pouco ao selecioná-lo, porque pressupõe certo conhecimento de história. Por outro lado, representa muito bem o que há de mais original no autor, além de continuar a ter enorme atualidade na análise de pessoas, movimentos sociais e políticos e dos panoramas históricos de todos os tempos. Tentamos suprir esse problema com um brevíssimo resumo da biografia de Tibério César, que, esperamos, fornecerá ao leitor os dados que lhe possam faltar.

Tibério Júlio César Augusto (42 a.C.-37 d.C.) foi o segundo imperador romano. Plínio o Velho o chamou de tristissimus hominum, “o mais melancólico dos homens”. Criado na família imperial, por imposição de Augusto – que pensava fazê-lo seu sucessor –, foi obrigado a divorciar-se de Vipsânia, a quem amava, e a casar-se com Júlia, filha do imperador, a quem aprenderia a detestar, entre outras coisas pelo desprezo que ela ostentava em público pela sua virilidade. Mais tarde, para garantir a linha sucessória, o velho césar ainda o obrigaria a adotar Germânico, que ao menos era também um sobrinho biológico.

Depois de uma brilhante carreira de general na fronteira norte do Império, tornou-se imperador em 14 d.C. Relutou muito em aceitar a responsabilidade que o Senado (que considerava formado por “homens feitos para serem escravos”) havia confirmado após a morte de Augusto, e depois de muitas e vindas ainda rejeitou alguns dos títulos associados. O seu governo foi moderado e prudente no início.

No ano 19, Germânico foi envenenado na Síria. O governador daquela província, Calpúrnio Pisão, foi acusado do assassinato, mas antes de morrer ameaçou implicar o imperador. Nada, porém, ficou provado.

O governo de Tibério começou a declinar mais acentuadamente depois da morte misteriosa do filho, Druso, em 23. Em 26, o imperador, que já estava desleixando boa parte das suas obrigações, auto-exilou-se em Capri, deixando praticamente o governo nas mãos dos prefeitos militares Sutório e, principalmente, Sejano. Este parece ter-se valido da posição para se aproximar do ramo juliano da família imperial (Tibério era do outro, o ramo claudiano), com vistas a ser adotado como membro dela e assim tornar-se um possível sucessor à dignidade imperial. Com o fracasso dessas tentativas, parece ter-se envolvido em uma conspiração para matar o imperador e pôr Calígula, filho de Germânico, em seu lugar.

Seja como for, em 31 Sejano foi julgado e condenado à morte pelo Senado, impulsionado por uma carta de Tibério. Esse foi o início de uma época de terror que dizimou todos os parentes próximos do imperador e as famílias nobres da cidades, especialmente as que tinham alguma relação com os julianos, e depois o Senado e os próprios magistrados imperiais.

O isolamento do imperador tornou-se completo nessa época. Com exceção das ordens de execução, nada vinha de Capri; Tibério mesmo parece ter mergulhado em um delírio paranóide em torno da morte do filho. Calígula sucedeu-lhe após a morte, que pelos vistos acelerou.

 

I

Analisamos em outro lugar a personalidade de Tibério: no anverso, a sua retidão de administrador, o seu amor à ordem, as suas virtudes de comando; no reverso, as paixões sombrias da sua alma. Se queremos julgá-lo em uma linguagem mais moderna, poderíamos dizer que foi um excelente técnico com uma alma perversa, combinação que, como é evidente, não é nada rara. A sua glorificação recente é uma expressão típica da ética contemporânea que, diante do homem útil, esquece todo o restante.

Esta dupla personalidade de Tibério interessa-nos porque explica muito bem a ambivalência da sua alma: o seu respeito de cidadão e de filho por Augusto e Lívia, e o seu ódio por eles, pelos que tinham edificado a virtude e a glória do lar imperial sobre a dor do seu pai; a compaixão por Júlia, a sua mulher legal, quando foi desterrada, e o seu rancor implacável por ela diante do ridículo com que o cobriu; as alternâncias de proteção e perseguição contra Germânico, Agripina e os seus filhos; os seus gestos de amizade e de hostilidade mortal para com Sejano, amigo e inimigo ao mesmo tempo; e assim por diante. A cada instante, vemos escapar pelas frestas da perfeita armadura oficial o mau cheiro do rancor, emprestando à sua vida esse aspecto equívoco que os contemporâneos interpretavam como hipocrisia e os cronistas posteriores não conseguem encaixar no esquema do caráter íntegro.

II

Ao longo da vida de Tibério, vê-se claramente como, à medida que o seu ressentimento fermentava, o reverso passional da sua personalidade vai pouco a pouco superando o claro anverso da sua vida política. Por isso, os antigos o consideravam um homem desconcertante, que mudava sem cessar: recordemos as palavras de Plínio, que o considera um príncipe austero e sociável que, com o passar dos anos, se tornou severo e cruel. Alguns até apontam uma data fixa para essa “mudança do bem para o mal”, relacionando-a com a morte do filho, Druso, ou a de Germânico.

Estas desgraças foram, com efeito, impulsos bruscos no caminho da sua paixão. Mas, ainda mais do que elas, precipitaram-no no delírio final a traição de Sejano e a descoberta do pretenso assassinato do filho.

Também influiu nesta explosão dos seus últimos anos a embriaguez do poder. É típico do ressentido, e sobretudo do ressentido tímido, que, quando adquire um poder forte e cheio de recursos como o que o governo proporciona, faça dele um uso barbaramente vindicativo. A prova do poder divide os homens que o atingem em dois grandes grupos: o dos que são sublimados pela responsabilidade do governo, e o dos que são pervertidos. A razão desta diferença reside somente na capacidade dos primeiros para serem generosos e no ressentimento dos segundos.

Para não citar senão alguns exemplos historicamente próximos de Tibério, podemos recordar, entre os grandes chefes que o exercício do poder enobreceu, Júlio César, nos começos da carreira mero demagogo imoral e grande príncipe na segunda parte da sua breve existência oficial. E o próprio Augusto, cuja juventude cheia de profundos e vergonhosos vícios morais se transformou, sob a responsabilidade imperial, em uma maturidade equilibrada, patriarcal e com indubitáveis resplendores de grandeza. Exemplos da perturbação degenerativa do poder são, em contrapartida, Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Domiciano. Ao contrário do que diz Ferrero, não é mania dos historiadores antigos, mas absoluta realidade, esta mudança que a embriaguez do mando causa nos espíritos fracos e, sobretudo, nos ressentidos, e que efetivamente empresta aos seus reinados a nítida aparência de duas etapas: uma inicial, boa; e uma segunda, péssima.

É preciso ter em conta, ao mesmo tempo, o que o sumo poder representava na época dos césares. Nada o mostra tão bem como o que Nero diz por boca de Sêneca ao atingir o principado: “Eu sou o árbitro da vida e da morte dos povos. O destino de todos está nas minhas mãos. O que a fortuna quer atribuir a cada um, cabe à minha boca exprimi-lo. De uma resposta minha depende a felicidade das cidades, e sem o meu consentimento nenhuma delas pode prosperar”. Compreende-se que os semideuses pudessem resistir a este poder quase sobrenatural sem que lhes subisse à cabeça, mas não os homens de carne e osso.

Também não há certeza, por fim, de que a razão de Tibério ancião, ferido por tantos infortúnios, talvez adoentado, mantivesse a normalidade nos seus anos finais. A sua fuga e o ir e vir incessantes entre o seu retiro em Capri e Roma fazem suspeitar fortemente de insensatez. Só o bom senso de Antônia o atava à normalidade, mas era um laço fraco demais para fazer frente às forças que o impulsionaram sem tino nem justiça àquele terror tiberiano que fez estremecer os séculos e tem todas as características do rancor do ressentido; porque não se dirige – como o rancor do ódio ou da inveja – contra as pessoas que o provocaram, mas contra tudo e todos, porque todos – a humanidade e os deuses – são seus inimigos.

III

Típico também da vingança do ressentido é o uso de predileção que, para levá-la a cabo, Tibério fez da delação. O ressentido no poder recorre imediatamente aos seus irmãos de ressentimento, que são os delatores. A um gesto seu, mil almas ressentidas abrem a válvula da sua paixão. Chovem então os anônimos e as delações explícitas. Umas vezes, são expressão cínica de um vício, mas quase sempre mero alívio do ressentimento, talvez impessoal, mesmo que seja impelido a sacrificar a sua vítima.

Suetônio descreve “o furor das delações que se desencadeou sob Tibério e que, mais que todas as guerras civis, esgotou o país em plena paz”. “Espiava – disse – uma palavra que escapasse em um momento de embriaguez ou a brincadeira mais inocente, porque todo pretexto era suficiente para denunciar. E não era necessário perguntar pelo destino dos acusados: era sempre o mesmo. Paulo, o pretor, assistia a um banquete; usava um anel com um camafeu em que estava gravado o retrato de Tibério César, e nessa mão – não usemos de palavras ambíguas – tomou um urinol. O fato foi observado por um certo Marão, um dos delatores mais conhecidos da época. Um escravo de Paulo percebeu que o delator espiava o seu amo e, rapidamente, aproveitando-se da embriaguez deste, tirou-lhe o anel do dedo no mesmo momento em que Marão tomava os comensais como testemunhas da injúria que se ia fazer ao imperador, aproximando a sua efígie de um urinol. Naquele instante, o escravo abriu a mão e mostrou a todos o anel”.

O interesse desta história está em que, sem a argúcia do escravo, Paulo teria sido encarcerado e morto; e Marão, como delator, teria recebido parte da sua herança.

É preciso ler um a um os processos desses anos da perseguição tiberiana para dar-se conta da sua infâmia e do seu horror. Muitos casos, como o que acabamos de referir, começavam comicamente e acabavam em tragédia; outros eram trágicos desde a nascença. Os filhos denunciavam os pais. Tramavam-se as mais ignóbeis ciladas para justificar a perdição de um inimigo ou o proveito indigno do delator. Não somente homens infames, como Marão, mas pessoas ilustres, advogados e oradores famosos faziam da delação o seu ofício e enriqueciam à custa dela. “Até os senadores condescendiam com as mais baixas delações”. Mas, sem dúvida, a maioria eram os que denunciavam por um fim mais saboroso do que o dinheiro: o prazer de vingar ressentimentos antigos.

Tibério contemplava as delações com o gesto de Pilatos, habitual nele. Se algum homem corajoso, como Calpúrnio Pisão, protestava contra os denunciantes, não tardava a morrer.

Nada mais eficaz para destruir o moral de um povo que o medo da delação, que é o medo mais inesperado, o mais sutil, o mais difícil de combater e de vencer. Quem tiver vivido épocas parecidas não considerará exageradas umas palavras de Tácito. Depois de umas delações que ficaram famosas, diz o historiador: “Jamais como então reinaram a consternação e o sobressalto em Roma. Tremia-se até entre os parentes mais próximos. Ninguém se atrevia a aproximar-se de ninguém, nem muito menos a falar. Conhecido ou desconhecido, todo ouvido era suspeito. Até as cosas inanimadas e mudas inspiravam receio: os olhares percorriam sempre os muros e tabiques”. Com efeito, quando a justiça cala as paredes têm ouvidos.

Assim foi o terror tiberiano, ignóbil como todas as violências dos fracos ensoberbecidos pelo mando. Terror de ressentido, sustentado pela delação, que é sintoma da arbitrariedade do poder, com a mesma certeza com que o fedor e as manchas lívidas do cadáver denunciam a morte.

 

Título original “Resentimiento y delación”. Publicado originalmente em La Nación, Buenos Aires, 19.06.1939, e traduzido a partir do texto recolhido em Obras completas, t. IV, “Artículos e otros trabajos”. Madrid: Espasa-Calpe, 1976, pp. 567-570.

Gregorio Marañón y Posadillo (1887-1960) foi um dos maiores médicos do seu tempo – um pioneiro da endocrinologia –, cientista, historiador, escritor e pensador. Doutor pela Sorbonne, membro de cinco das sete Reais Academias espanholas, publicou, além de mais de setecentos artigos de jornal, monografias científicas e prólogos de livros, cerca de trinta livros de Medicina, dezoito de História e onze de Pensamento. As obras mais conhecidas e de interesse permanente são as que considerava “ensaios biológicos”: além do Tibério (1939), em que faz uma “anatomia” do ressentimento, as principais são Amiel (1932), sobre a timidez; El Conde Duque de Olivares (1936), sobre o poder; Antonio Perez (1947), sobre a intriga e a traição política; e Don Juan (1940), sobre o “donjuanismo”.

Tradução de Henrique Elfes.

Texto originalmente publicado na revista-livro do Instituto de Formação e Educação (IFE), Dicta&Contradicta, edição nº3, Julho/2009.