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Em Campinas: Pianista Álvaro Siviero e Quinteto de Cordas de Viena

Artes | 08/05/2017 | | IFE CAMPINAS

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Amanhã Campinas recebe o célebre pianista Álvaro Siviero com o Quinteto de Cordas de Viena, executando Beethoven, Concerto para piano N.3 em dó menor (Op.37). Uma ótima opção para quem aprecia música e cultura.

O apresentação será no Teatro Castro Mendes, amanhã, às 20h00. Para adquirir seu ingresso entre em http://www.compreingressos.com/espetaculos/8407-alvaro-siviero-e-wiener-kammersynphonie ou pelos telefones (19) 3578-8853 e (19) 99637-913.

Abaixo segue anúncio da apresentação:

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Why beauty matters? (‘Por que a beleza importa?’)

Sem Categoria | 10/12/2014 | |

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Fui, recentemente, assistir à apresentação da OSESP na Sala São Paulo. No cardápio, um de meus quatro compositores preferidos: Beethoven. Para o deleite de meus sentidos, nada mais que sua magnífica 9ª Sinfonia (9º Sinfonia de Beethoven – OSESP). Com o perdão dos filósofos da linguagem, penso que a palavra não tem a capacidade de traduzir a essência musical. Caso assim fosse, não se precisaria de música. Ainda bem, porque, de palavras, como magistrado, já me basta a prosa desértica das petições, contestações, réplicas, arrazoados, agravos, embargos e atas de audiências dos processos.

Certa vez, quando estava no meio de uma profunda crise profissional, causada por um ceticismo cada vez maior na efetiva ressocialização das pessoas que condenava criminalmente, fui buscar um certo bálsamo de esperança naquilo que já tinha como hobby: a beleza da música. E ela me ajudou a entender ainda melhor o conselho de um santo de nossos dias: o de converter a prosa diária em decassílabos, em verso heróico.

No dia do concerto, muitas coisas vieram-me à cabeça. Na altura do terceiro movimento, mais lento, lembrei-me de minha última sentença criminal, proferida completamente em verso, uma espécie de “epitáfio” do meu desencanto com o direito penal da orquestra (e bem afinada) dos juristas das leis criminais de “última hora”, aquelas editadas diante da pressão popular, porque um ator matou uma atriz com requinte de crueldade ou um louco entrou armado numa escola e fuzilou uma classe inteira.

A magia do concerto cativou-me e deixou meus olhos perolados, arrancando da “Ode à Alegria” (quarto movimento) umas notas que penetraram na alma. E, ao fim, senti-me redimido, pois me recordei de um famoso russo, Dostoievsky, que o papa João Paulo II citou em sua famosa “Carta aos Artistas”, nesses termos: “Os homens de hoje e de amanhã têm necessidade deste entusiasmo, para enfrentar e vencer os desafios cruciais que se prefiguram no horizonte. Com tal entusiasmo, a humanidade poderá, depois de cada extravio, levantar-se de novo e retomar o seu caminho. Precisamente neste sentido foi dito, com profunda intuição, que a beleza salvará o mundo”.

E para redigir minha última sentença penal, tive que pensar. Não só nas linhas poéticas, mas no meu entorno existencial. E aprendi que pensar quando o pensamento não vai além do eixo da própria limitação, não nos conduz a nada, porque é afogar-se na própria miséria. Tudo se reduz a um andar sem rumo, tendo o eu como a única meta.

Superar a barreira do individualismo é necessário e, para tanto, a reflexão é indispensável, pois é a forma de se abrir à transcendência. E, por essa porta, certamente estarão entrando a beleza e a harmonia da música, que o maestro sempre buscam quando estão atuando. Na mitologia grega, Zeus, ciente de que os homens tenderiam a esquecer o relevante – o que é o homem e seu fim último – criou as musas e as artes para lhes lembrar disso. A arte é uma senda para a esperança, para levantar o olhar e as costas curvadas e vislumbrar além do próprio nariz.

A vida cotidiana, o ideal desmedido de progresso e as mundanidades distraem-nos daqueles bens que verdadeiramente têm valor, como que seduzindo-nos com um oásis de possibilidades que acabam se transformando em lodo pegajoso que adere nas asas e que nos impede de voar.

“A beleza é chave do mistério e apelo ao transcendente. É convite a saborear a vida e a sonhar o futuro.” É a Carta aos Artistas, de autoria do mesmo papa, animando-nos a banir o ceticismo de viver, o receio de refletir, a morosidade em decidir e o temor de ser felizes. Um chamado a sonhar sem limites: sonhais e ficareis aquém, afirmava aquele mesmo santo do cotidiano.

Já dizia o poeta romântico alemão Heinrich Heine, “quando termina a crueldade do cotidiano, começa a beleza”. Sigamos, então, o conselho do bardo e busquemos, diariamente, enxergar para além daquilo que nos conduz à alienação existencial. Assim, com estas linhas, respondo à pergunta lançada pelo filósofo Roger Scruton em seu vídeo “Why beauty matters?”. Para assisti-lo, clique aqui: Documentário – Por que a beleza importa? (Roger Scruton).

André Fernandes (IFE Campinas)