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O sentido do Natal

Opinião Pública | 24/12/2014 | | IFE CAMPINAS

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Estamos em tempos de Natal. Para muitos, a festa resume-se ao encontro familiar, acompanhado de farta mesa, com a tradicional troca de presentes e lembranças, onde, normalmente, as crianças assumem o protagonismo no enredo comemorativo, os mais jovens conversam entre si ou com seus tablets, os mais velhos oscilam entre o esquecimento e a memória, sem contar na presença marcante daquele tio que fala, come e bebe além da conta e do cada vez mais entediante show de fim de ano do rei da música brasileira.

Tudo isso é muito bom, mas não para por aí. O sentido do Natal é muito maior que aquilo que nossos olhos veem: mesmo os ateus e agnósticos percebem o Natal como algo extraordinário e transcendente que, por intermédio dos valores da simplicidade, amizade e solidariedade – tão exaltados nesse período do ano – soa como um recado íntimo que fala ao coração.

No Natal, comemora-se muito mais que o nascimento de um grande personagem histórico ou o mistério do homem ou mesmo o advento da vida como um dom em si ou mesmo o começo de uma nova estação. Comemoramos o acontecimento central da história da humanidade: a encarnação do “logos” divino em prol de nossa redenção. Um “logos” que, em grego, tem inúmeras traduções e que também significa “sentido”. Mas qual sentido?

O sentido de eternidade do mundo que, nesta específica festa do ano, faz-se tangível aos sentidos do corpo e à nossa inteligência, a ponto de se poder tocá-lo e contemplá-lo: “Cansei de ser moderno. Agora, quero ser eterno”, já rabiscava em versos o poeta Drummond. E esse sentido não é uma ideia geral inscrita no mundo, posta quase que meio platônica ou kantianamente na realidade, mas uma Pessoa que se interessa por cada um de nós, porque se fez próximo de nós.

O sentido de eternidade não corresponde a uma espécie de protesto impotente contra o absurdo, como o fizeram Nietzsche, Sartre e Camus, cada qual por suas próprias e compreensíveis razões. O sentido de eternidade não se confunde com um poder excelso e distante, mas que, fundado na bondade, abriu-se, primeiro, ao homem para que se fizesse conhecido e para que, num segundo momento, fosse capaz de ser objeto do amor humano, livremente exercido.

Por isso, no Natal, vivemos mais intensamente esse sentido do eterno, que habita em cada um de nós consciente ou inconscientemente, aliado a um poder de comoção que nenhuma outra história verdadeiramente grande é capaz de produzir. Quando, num especial de Natal de algumas décadas atrás, assisti ao programa televisivo do “Natal de Charlie Brown”, fiquei cativado com a maneira singela com que Charles Schulz, criador dos Peanuts, demonstrou, pela boca de Linus, esse sentido do eterno, ao responder a pergunta de Charlie Brown sobre o verdadeiro sentido daquela festa, recitando, com uma inocência encantadora, a passagem do evangelista Lucas sobre a encarnação do “logos” divino (Lc, 2:8-14).

Não estamos aqui por acaso. Somos muito mais que uma matéria molecularmente combinada, apta a pensar e a agir livre e responsavelmente. Somos mais: estamos abertos à eternidade graças ao mistério do Natal, cuja transcendência, hoje, acaba sendo engolida pela aparência de uma festa que se perdeu pelas sendas aporéticas do consumismo e dos requintes da glutonice. Agora, resta aguardar pelo dia da festa que, ao final, será seguida pelo sossego redentor de um belo sofá para a digestão e de um livro, minha constante companhia e uma espécie de última ligação a uma vida ainda não vivida. Eternamente. Com respeito à divergência, é o que penso.

André Gonçalves Fernandes é juiz de direito, doutorando em Filosofia e História da Educação, pesquisador, professor, coordenador do IFE Campinas e membro da Academia Campinense de Letras (fernandes.agf@hotmail.com).

Artigo publicado no jornal Correio Popular, dia 24.12.2014, Página-A2, Opinião.

Último post do ano: agradecimento, novidades e felicitações

Educação | 18/12/2014 | | IFE CAMPINAS

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Cena do filme “A Felicidade não se compra” (‘It's a wonderful life’)

Cena do filme “A Felicidade não se compra” (‘It’s a wonderful life’)

 

Caros leitores,

Primeiramente, gostaríamos de agradecer a vocês que nos acompanharam neste ano em nossas diversas atividades, seja neste site, no Facebook, em nossos seminários em parceria com a Academia Campinense de Letras, no curso de extensão universitária na Unisal, em nossos artigos publicados no jornal Correio Popular, entre outras. Nosso muito obrigado! Sem vocês nosso trabalho não faria sentido, pois o IFE tem uma missão que não se centra em si mesmo, mas procura se expandir a toda a sociedade. Agradecemos também a todos os colaboradores que ajudam a fazer com que o IFE aconteça. Foi uma grande satisfação trabalhar este ano trazendo conhecimento e cultura.

Como sabem, o IFE tem um Ideário norteado por quatro princípios: 1) a dignidade humana, com a defesa e promoção dos direitos e deveres de cada indivíduo, sem discriminações de espécie alguma; 2) o respeito aos valores religiosos que fundaram as grandes civilizações ocidentais e orientais, bem como à mútua autonomia dos âmbitos religioso e político; 3) a afirmação da família como formadora primária e essencial da pessoa humana, escola da cidadania e célula da sociedade; 4) o ideal democrático, com o respeito essencial e intrínseco pela liberdade dos indivíduos e das organizações intermediárias.

Como é cada vez mais perceptível, nossa cultura vem sofrendo uma crise que atinge, em grande parte, esses princípios. Por isso, reafirmamos nosso compromisso com a defesa desses valores e ideais, por meio da realização de um constante trabalho intelectual e da busca da coerência entre a vida e o conhecimento.

Convidamos vocês a conhecerem melhor o nosso ideário (basta clicar aqui) e a continuarem a participar do IFE no próximo ano, nos ajudando, também, a divulgá-lo entre seus amigos, para que possamos chegar a mais pessoas. Quanto mais conhecimento compartilhado, melhor a comunicação e mais benefício à vida social.

Para ano que vem, anunciamos as seguintes novidades: 

a) Lançaremos um curso de introdução aos clássicos da interpretação do Brasil, com autores como José Bonifácio de Andrada e Silva, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e outros. Em breve divulgaremos mais detalhes.

b) Realizaremos dois Seminários IFE/ACL, nos moldes dos já ocorridos este ano, um em cada semestre de 2015, com temática desta vez em política. Anunciaremos as datas e os palestrantes convidados oportunamente, quando tivermos as informações a esse respeito confirmadas.

c) Nosso site ganhará uma nova seção, de Cinema, que contará com textos de crítica sobre diversos gêneros. Também passará a contar com publicações do novo site da revista Dicta&Contradicta (a revista cultural do IFE). Além disso, temos previsão de uma maior frequência de publicações.

Por fim, gostaríamos de recomendar um belíssimo filme a vocês e família, especialmente para esta época do ano. Trata-se do clássico filme natalino A Felicidade não se Compra [It’s a Wonderful Life], de Frank Capra (da imagem acima). Que ele os inspire a entrar no verdadeiro espírito do Natal!

Desejamos um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo!

Mais uma vez, nosso muito obrigado!

P.S.: Retomaremos as atividades do site e do Facebook na última semana de janeiro. Até lá vocês continuam a acompanhar, contudo, as publicações dos artigos publicados no jornal Correio Popular.