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Considerações sobre a filosofia da ciência (por Gustavo Bravo)

Epistemologia e Ciência | 25/06/2015 | | IFE CAMPINAS

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Na sociedade em que vivemos, nenhuma forma de conhecimento tem um peso tão grande quanto o da ciência. Classificar qualquer informação como sendo um dado científico é suficiente para que esse dado seja tratado na esfera pública como verdadeiro. Ciência e verdade são conceitos profundamente interligados em nosso senso comum. Temos muitos motivos para estabelecer essa associação: a capacidade de prever fenômenos de diversos tipos, as incontáveis realizações e inovações técnicas propiciadas pela química, a física e a medicina, a capacidade de explicação para eventos e processos que eram totalmente desconhecidos, e muitas outras coisas.

Mas se a eficácia dos métodos de previsão e transformação da realidade material empregada pelas diversas ciências é em larga medida incontestável, o estatuto propriamente epistemológico das ciências é bastante problemático. Ao dizer que o “estatuto epistemológico” da ciência é problemático, quero dizer que as relações entre ciência e verdade, bem como aquilo que torna a ciência natural um conhecimento diferente de outras formas de conhecimento é matéria de controvérsia entre os especialistas no assunto e que a imagem do mundo que a ciência nos mostra não está sujeita a uma única interpretação. Fazendo um panorama de alguns problemas levantados por filósofos da ciência, pretendo evidenciar que, apesar do sucesso pragmático da imagem científica do mundo, existem muitas questões complexas ainda não resolvidas em torno do conhecimento científico.

Uma primeira observação, feita por filósofos da ciência como Alan Chalmers (1939 – ), é que não basta apenas dizer que a ciência “funciona”, logo, ela é verdadeira. É preciso ter em mente que teorias erradas podem “funcionar”. A teoria geocêntrica (que afirmava ser a Terra o centro do universo) de Ptolomeu explicava e era capaz de dar conta de algumas das regularidades observadas na abóbada celeste, entretanto, ela estava errada e viria a ser substituída pela teoria heliocêntrica de Copérnico e Galileu. Mas não seria apenas o caso de mais observação, de mais capacidade explicativa, para corrigir a teoria? Acontece que nada exclui a possibilidade de duas teorias incompatíveis possuírem alto poder preditivo e explicativo para os mesmos fenômenos. No que diz respeito a observação, é interessante notar que observações feitas com propósito científico nunca são “puras”, independentes das teorias que as orientam, pois a própria seleção dos fatores e propriedades relevantes a serem observados e mensurados dependem de algum tipo de teoria – ainda que não muito desenvolvida – subjacente a prática observacional. No caso das realizações técnicas grandiosas, elas não são suficientes para provar que teorias científicas empregadas na sua realização são verdadeiras. Provavelmente os egípcios não possuíam os conhecimentos de física, arquitetura e engenharia que nós possuímos hoje, entretanto, construíram as pirâmides, que com toda certeza são algumas das mais impressionantes realizações arquitetônicas de todos os tempos. A questão sobre a “verdade” das teorias não pode ser resolvida mediante apelos simplistas sobre a eficácia técnica e/ou preditiva.

Ao longo do século XX, apoiado por considerações retiradas da história da ciência, Thomas Kuhn (1922 – 1996) defendeu – grosso modo ­– que aquilo que consideramos ciência hoje não foi sempre assim e que a ideia de que o conhecimento científico progride rumo a uma adequação cada vez mais exata com a realidade é um erro. Segundo Kuhn, os pesquisadores que partilham de pressupostos teóricos comuns e que orientam a sua atividade seguindo um programa com regras bem estabelecidas operam dentro de um paradigma, e a história da ciência é uma constante substituição de paradigmas por outros, sem que haja uma base puramente racional para afirmarmos que um paradigma é superior a outro. É o pertencimento a um paradigma estável e razoavelmente coerente que configura e diferencia o que é ciência do que não é. Neste sentido, a ciência aristotélica medieval não era pseudociência ou menos ciência do que a teoria da relatividade de Einstein, era apenas um paradigma diferente e incomensurável em relação a esta. Os critérios que fazem com que um paradigma seja adotado ou rejeitado sofrem influências de ordem social, como as necessidades econômicas e materiais da sociedade em questão ou o valor que se atribui a resolução de determinados problemas em vez de outros. A ciência possui períodos relativos de estabilidade assim como alguns períodos de crise, no qual alguns modelos teóricos e práticas são postos em cheque e são substituídos por outros.

Ainda que não concordemos com as teses elaboradas por Kuhn em A estrutura das Revoluções Científicas, seu relato da história da ciência nos faz perder o preconceito ingênuo de que a ciência naturalmente se desenvolve rumo a uma concepção cada vez mais verdadeira da realidade. A filosofia descritiva da ciência de Kuhn abriu o campo de investigações para a sociologia do conhecimento científico, uma disciplina voltada para a investigação das condições sociais da produção de conhecimentos científicos e que conta com nomes como Bruno Latour (1947 – ) e David Bloor (1942 – ).

Apesar das dificuldades de critérios de separação entre ciência e não ciência (o famoso problema da demarcação), um ponto relativamente pacífico é que teorias científicas são construções humanas que explicam e preveem eventos e empregam uma linguagem própria que carrega em si um sentido. Essas características colocam um problema clássico na filosofia, mas que ganha novos contornos na filosofia da ciência, que é o problema do estatuto epistemológico das teorias científicas. Tendemos, por força do hábito, a acreditar que quando um físico enuncia que o mundo está composto por partículas e ondas de tamanho ínfimo essas entidades existem realmente, e são independentes de nossas teorias sobre como as coisas funcionam. Partículas e ondas existiam desde a origem do universo, os cientistas é que demoraram a descobri-las. Nessa visão realista, teorias científicas descrevem a estrutura da realidade tal como ela é em si mesma. No entanto, as coisas não são tão simples assim, pois algumas entidades postuladas por teorias científicas como certas partículas e suas propriedades são completamente inobserváveis, como os quarks. Mas se elas não podem ser observadas o que é que torna válida e verdadeira a afirmação de que essas entidades realmente existem?

Em relação às entidades inobserváveis, os antirrealistas sustentam uma posição agnóstica: nós não podemos afirmar a existência dessas entidades, mas apenas utilizá-las como instrumentos teóricos para derivar certas conclusões empíricas e dar conta de certos fenômenos. Um dos argumentos mais conhecidos contra a posição antirrealista é o chamado “argumento sem milagres” elaborado por Hilary Putnam (1926 – ). Segundo esse argumento, a posição realista é a única que não faz do sucesso da ciência um milagre. Já que muitas de nossas teorias científicas são construídas com hipóteses que envolvem a existência de entidades de inobserváveis e essas teorias são empiricamente bem sucedidas (elas explicam fenômenos e são capazes de prever eventos), temos um indício forte de que essas entidades realmente existem. O argumento do milagre apela para a noção de sucesso empírico; entretanto, como já observei anteriormente, dizer que uma teoria funciona não significa dizer que ela é verdadeira, ou seja, não significa que ela descreve adequadamente aquilo que realmente existe e como existe. Muitos exemplos na história da ciência são utilizados pelos antirrealistas para mostrar que teorias falsas se adaptavam bem aos dados e previam consequências empiricamente observáveis, a já citada teoria de Ptolomeu é um exemplo disso. Os realistas respondem dizendo que, se os dados empíricos fossem adaptáveis a uma variedade muito grande de teorias diferentes esse realmente seria um ponto a favor dos antirrealistas, entretanto, na maioria dos casos é difícil encontrar uma teoria que dê conta dos fenômenos observados e que podemos elaborar critérios para determinar quais são as teorias mais adequadas aos dados como o poder explicativo, o poder preditivo e a simplicidade da explicação, por exemplo.

O debate intenso entre realistas e antirrealistas mostra que de forma alguma podemos tratar dados científicos como sendo pura e simplesmente verdadeiros, considerando como um dado evidente que a ciência procede através de um método rigoroso e testa amplamente suas conclusões e por isso seus resultados nos mostram realmente o que as coisas são. Entre os filósofos envolvidos com este debate estão Bas Van Fraassen (1941 – ), Stathis Psillos(1965 – ), Ian Hacking(1936 – ) e muitos outros.

Há ainda outra ordem de problemas que concerne à questão sobre quais são as condições ontológicas de possibilidade de qualquer teoria científica. Todas as ciências naturais operam com conceitos como o de causalidade, de classe e de lei. Todas são possíveis graças a algum tipo de ordem e regularidade encontradas na natureza, assim como a possibilidade da inteligência humana de representar essa ordem e essa regularidade através de modelos teóricos, muitas vezes de caráter matemático. Essas condições são pressupostos das teorias científicas e, por isso mesmo, não podem ser explicadas por elas. A física usa abundantemente a matemática na mensuração e quantificação de processos naturais, mas uma teoria que explique como é possível quantificar um evento que em si mesmo não é feito de números (por exemplo, a mensuração da atividade das moléculas de um gás) já não é mais uma teoria física, mas uma espécie de metateoria que vai além da física. Do mesmo modo, explicar o que é causalidade, o que é uma lei científica e o que é uma classe é algo que vai além das ciências particulares e que transcende a todas elas na medida em que seus objetos constituem a base de qualquer ciência natural possível. São problemas como esses, de ordem metacientífica, que estão no âmbito da filosofia e que são objetos de uma disciplina bastante recente chamada de “metafísica da ciência”.

Quando se postula algo como a “lei da gravidade” ou a “lei da inércia”, o que devemos entender por isso? É uma simples regularidade que ocorre e poderia não ocorrer no futuro ou é algo que necessariamente tem de ser assim dadas certas condições ambientes? A prática preditiva da ciência parece indicar que as leis que estruturam os processos naturais são necessárias e universais, caso contrário, a predição não seria possível e não passaria de um belo chute. Entretanto, a partir de que tipo de observação ou teoria científica poderíamos validar os conceitos de necessidade e de universalidade, uma vez que qualquer observação se limita a um evento particular, espaço-temporalmente circunscrito? A investigação desse tipo de questão depende da elaboração de conceitos puramente abstratos e pressupõe que a ciência é mais do que um simples instrumento para manipular a realidade, pressupõe que ao menos alguns dos enunciados científicos dizem respeito a realidades independentes de nossas representações, numa palavra, a metafísica da ciência pressupõe algum nível de realismo científico e ela é uma disciplina filosófica desenvolvida em um espírito de colaboração com as diversas ciências naturais, dado que suas especulações não são feitas no vazio, mas sobre os dados fornecidos pelas teorias científicas. São muitos os filósofos que se dedicaram e ainda continuam se dedicando à metafísica da ciência como Michel Ghins, Alexander Bird, E.J. Lowe (1950 – 2014), Wolfgang Smith(1930 – ), Nancy Cartwright(1944 – ) e Tim Maudlin(1958 – ) para citar apenas alguns.

Portanto, longe de possuir a transparência que o senso comum lhe atribui, a prática científica levanta uma série de questões muito interessantes e complexas de cunho propriamente filosófico que ainda estão distantes de consensos substanciais. É evidente que o médico, o físico e o engenheiro nunca precisarão de um filósofo da ciência para lhes dizer o que fazer, mas também é verdade que uma compreensão adequada da própria teoria e prática científica, de seus limites e de suas possibilidades, é fundamental se quisermos entender verdadeiramente o que a ciência está nos dizendo sobre o mundo.

 

Gustavo Bravo é graduado em Filosofia pela Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro e professor de filosofia no ensino médio.

Publicado originalmente no site da Revista Dicta&Contradicta 

LANÇAMENTO: “Ensinando e aprendendo o Direito com o método do caso” (André G. Fernandes)

Direito | 08/09/2014 | | IFE CAMPINAS

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Para os profissionais do Direito, da Filosofia do Direito, da Filosofia da Educação e do Ensino Jurídico, recomendamos a obra, baseada em qualificada pesquisa e em trabalho acadêmico de envergadura, denominada “ENSINANDO E APRENDENDO O DIREITO COM O MÉTODO DO CASO”, lançada pela Editora Edipro, e à venda nas grandes livrarias a partir de 20 de setembro.

Por enquanto, a obra está sendo comercializada virtualmente pela livraria da Folha:

http://livraria.folha.com.br/livros/ficcao-relacionada/ensinando-aprendendo-direito-metodo-caso-andre-1251179.html

SINOPSE:

A presente obra estuda a formação do profissional de Direito e os fins da formação da escola de Direito, descrevendo os antecedentes pedagógicos no ensino do Direito desde a Grécia até a Idade Moderna e desde a fundação dos cursos jurídicos no Brasil até os dias atuais. Além disso, desenvolve os pressupostos para uma educação entendida como um processo de evolução, inserção e encontro, lastreada na natureza espiritual do homem, na dimensão prática e fenomenológica da tarefa pedagógica propriamente dita e na essência ético-virtuosa do agir humano. O autor avoca a prudência jurídica como fundamento epistemológico do Direito, entendido este como o justo concreto – o dar a cada um o seu – matizado, quando necessário, pela equidade, dentro do quadro da potencialidade formadora da hermenêutica jurídica clássica em diálogo com a hermenêutica moderna, na perspectiva pedagógica do método do estudo do caso (case method), como base de uma proposta de formação ético-social do aluno no campo do Direito, em complementação à tradicional metodologia empregada no ensino jurídico. Apresenta ainda um rol de desafios teóricos e práticos, com vistas aos fundamentos para uma formação da justiça como prática social. Obra indicada aos profissionais atuantes no ensino jurídico e demais interessados no processo pedagógico da formação dos profissionais desta área.

FICHA TÉCNICA:

Título: Ensinando e aprendendo o Direito com o método do caso: Bases epistemológicas e metodológicas
Autor: André Gonçalves Fernandes
Editora: Edipro
Edição: 1
Ano: 2014
Idioma: Português
Especificações: Brochura | 388 páginas
ISBN: 978-85-7283-878-8
Peso: 420g
Dimensões: 230mm x 160mm

[CURSO ENCERRADO] Últimos dias para matrícula no curso "Cultura Geral: Releitura da sabedoria dos tempos"

Educação | 28/07/2014 | | IFE CAMPINAS

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Aula-Marcus-Boeira

O Prof. Dr. Marcus Boeira (foto acima) ministrará a primeira aula de nosso curso “CULTURA GERAL: Releitura da sabedoria dos tempos”, com o tema “O PODER”, envolvendo Estado, Sociedade, tensões, origens do poder etc.

Clicando aqui o leitor encontra uma palestra conferida por ele sobre outro tema (porém relativa, de algum modo, à primeira aula de nosso curso, “O Poder”) na qual ele fala de Direitos Fundamentais e Bens Humanos. Nosso intuito de referenciá-la aqui é para que conheçam um pouco do Prof. Macus antes do início do curso no próximo sábado, dia 2 de agosto.

Ao mesmo tempo, lembramos que ainda há tempo de se matricular no curso e ainda há algumas vagas. Quem desejar, basta se matricular até 31 de Julho de 2014 diretamente no link a seguir: http://unisal.br/cursos/cultura-geral-releituras-da-sabedoria-dos-tempos/

Quem ainda não conhece o curso, abaixo segue o cartaz do mesmo e neste link o folder em PDF para mais informações. Lembramos que é um curso de formação cultural, com diversos benefícios, além do qualitativo conteúdo do curso.

CARTAZ_Curso_UNISAL_2014-2015-WEB

[CURSO ENCERRADO] Últimos dias para matrícula no curso “Cultura Geral: Releitura da sabedoria dos tempos”

Educação | 28/07/2014 | | IFE CAMPINAS

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Aula-Marcus-Boeira

O Prof. Dr. Marcus Boeira (foto acima) ministrará a primeira aula de nosso curso “CULTURA GERAL: Releitura da sabedoria dos tempos”, com o tema “O PODER”, envolvendo Estado, Sociedade, tensões, origens do poder etc.

Clicando aqui o leitor encontra uma palestra conferida por ele sobre outro tema (porém relativa, de algum modo, à primeira aula de nosso curso, “O Poder”) na qual ele fala de Direitos Fundamentais e Bens Humanos. Nosso intuito de referenciá-la aqui é para que conheçam um pouco do Prof. Macus antes do início do curso no próximo sábado, dia 2 de agosto.

Ao mesmo tempo, lembramos que ainda há tempo de se matricular no curso e ainda há algumas vagas. Quem desejar, basta se matricular até 31 de Julho de 2014 diretamente no link a seguir: http://unisal.br/cursos/cultura-geral-releituras-da-sabedoria-dos-tempos/

Quem ainda não conhece o curso, abaixo segue o cartaz do mesmo e neste link o folder em PDF para mais informações. Lembramos que é um curso de formação cultural, com diversos benefícios, além do qualitativo conteúdo do curso.

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Apresentação Núcleo de Epistemologia e Ciência

Epistemologia e Ciência | 21/04/2014 | | IFE CAMPINAS

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Algo falso não pode ser conhecido. Portanto, a verdade é condição sine qua non para o conhecimento. Mas, o que é a verdade? Tal problema, assim formulado, ressoa a constante indagação efetuada por filósofos de todos os tempos. Dentre todas as possíveis respostas, há uma que merece destaque: a verdade é a adequação da coisa ao entendimento. Deste modo, se expressa a razão formal do verdadeiro, o que a verdade é em sua própria essência.

A origem e fundamento da verdade é o ser. A negligência do ser, que pode ser atribuída à parte significativa do pensamento moderno e contemporâneo, implica na perda do sentido da verdade. O seu entendimento em sentido estritamente prático, na forma de pragmatismo ou na identificação de teoria e práxis, é uma extrapolação perigosa, que se distancia do sentido autêntico de verdade. Do fato de uma coisa ser ou não ser, depreende-se o fato de ser verdadeiro ou falso o nosso entendimento. Se conhecer é apreender no entendimento a coisa como ela é, também é possível identificar outra dimensão da verdade: a sua reflexividade, ou seja, a verdade é conhecida pelo entendimento mediante a sua reflexão sobre o seu próprio ato.

Há na filosofia contemporânea, um renovado interesse pela verdade. Todavia, não se tem conseguido alcançar um equilíbrio entre adequação e reflexão, o que nos leva, por um lado, a um cientificismo positivista e, por outro, a um antropocentrismo subjetivista. Neste contexto, o núcleo de Epistemologia do IFE CAMPINAS tem como propósito fomentar a reflexão que contemple as duas dimensões supracitadas, no tratamento do problema da verdade e do conhecimento, evitando os extremos indicados.