O programa Estado da Arte é produzido e apresentado por Marcelo Consentino, presidente do IFE e editor da revista Dicta & Contradicta. A cada edição três estudiosos põem em foco questões seminais da história da cultura, trazendo à pauta temas consagrados pela tradição humanista.
A seguir apresentamos a edição que foi ao ar em 07 de outubro de 2014
O século XVIII se notabilizou como um período de intensa agitação intelectual e social, fruto da confiança ilimitada no poder da razão humana celebrada pelo chamado Iluminismo. Da física newtoniana à máquina a vapor, a cada dia uma nova descoberta científica prometia ampliar virtualmente ao infinito nosso conhecimento e domínio sobre a natureza. E enquanto a vida aristocrática atingia um zênite de requinte e sofisticação nas cortes absolutistas, nos burgos filósofos e reformadores sociais disseminavam as ideias igualitárias que iriam implodir o Antigo Regime durante a Revolução Francesa e a Independência Norte-americana. Mas do fundo de toda essa fúria a cultura da época extrairia uma sonoridade singularmente harmônica, e, sendo ou não adequado o título habitual de a Era da Razão, é também plausível denominar esse período, talvez como nenhum outro antes ou depois, o Século da Música.
Bach, Handel, Vivaldi, Mozart, Beethoven são só alguns dos nomes arqui-conhecidos cuja presença massiva nas salas de concerto e estúdios fonográficos do mundo inteiro só faz aumentar ano a ano, e que, compondo na época da invenção do piano, da consolidação da sinfonia e da popularização da ópera, definiriam aquela que hoje reconhecemos como a música “clássica” por excelência.
Mas quem foram esses homens? O que pensavam sobre a música? E quais as suas motivações ao compor? Acaso, como declararia posteriormente o escritor Ernst Hoffmann, estariam dominados por um “anseio ardente e insaciável” de “ultrapassar os aspectos comuns da vida” e “atingir na terra a promessa celestial que repousa em nossos corações, o desejo de infinito que nos liga ao mundo superior” ou, ao contrário, como dizia à época Joseph Haydn referindo-se às suas próprias composições, desejavam somente que “os cansados, os fatigados e os preocupados com negócios pudessem gozar de alguns momentos de consolo e repouso”?
Convidados
– Mário Videira, coordenador do curso de pós-graduação em música
da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e autor de O Romantismo e o Belo Musical.
– Leandro Oliveira, mestre em musicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, idealizador e professor do projeto “Falando de Música” da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
– Monica Lucas, chefe do departamento de música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, musicista e professora de história da música.
Referências
- Breve História da Música (History of Music) de Roy Bennett (Ed. Zahar).
- Music in the Seventeenth and Eighteenth Centuries de Richard Taruskin (Oxford University Press).
- História da Música Ocidental (A History of Western Music) de Donald J. Grout e Claude V. Palisca (Ed. Gradiva).
- O Livro de Ouro da História da Música de Otto Maria Carpeaux (Ediouro).
- O Romantismo e o Belo Musical de Mário Videira (Unesp).
- Barroco, Neobarroco e Outras Ruínas de João Adolfo Hansen.
- Mozart – Sociologia de um Gênio (Mozart – The Sociology of a Genius) de Norbert Elias (Ed. Zahar).
- Dicionário Groves de Música (Groves Dictionary of Music and Musicians) organizado por Stanley Sadie (Ed. Zahar).
- A History of Musical Style de Richard L. Crocker (Dover Music).
- The Classical Style de Charles Rosen (W.W. Norton).
- Mozart: A Life de Paul Johnson (Penguin Books).
Apresentação
Marcelo Consentino
Produção técnica
Ariel Henrique e Julian Ludwig
Fonte: http://oestadodaarte.com.br/musica-no-seculo-das-luzes/