Seminário "Ética e Política" discute ideologias e corrupção (+ Repercussão e Fotos)


Da esquerda para a direita: Dr Luis Carlos Sotero, Marcelo Consentino, André Fernandes, Dr Bolívar Lamounier e Dr Agostinho Tavolaro, durante a palestra de Lamounier. (Foto: Janaína Ribeiro/Especial para AAN)

 

Na tarde do último sábado, 23/05, o IFE Campinas em parceria com a Academia Campinense de Letras (ACL) promoveu a terceira edição de seus seminários, com o tema “Ética e Política”. Os palestrantes foram Bolívar Lamounier, sociólogo e cientista político de renome nacional e internacional, e Luís Carlos Sotero, acadêmico da ACL e desembargador, premiado por seu trabalho em defesa da Democracia.

Na composição da mesa, o evento contou também com a presença do presidente do Instituto de Formação e Educação (IFE), Marcelo Consentino, do acadêmico e coordenador do IFE Campinas, André Fernandes, e do presidente da ACL, Agostinho Tavolaro. O público do evento foi diversificado, somando aproximadamente 70 pessoas.

 

Público no início do evento. O número de pessoas aumentou depois do início do seminário, o que pode se conferido mais abaixo na galeria de fotos do evento. (Foto: Janaína Ribeiro - Especial AAN)

Público no início do evento. O número de pessoas aumentou depois do início do seminário, o que pode ser conferido mais abaixo na galeria de fotos do evento. (Imagem: Janaína Ribeiro – Especial para AAN)

 

Na primeira palestra, intitulada “No contexto político brasileiro atual, ainda faz sentido falar de ‘ética na política’?” e ministrada por Bolívar Lamounier, o cientista político traçou um panorama histórico da política brasileira desde o início do século XX até nossos dias, para ressaltar uma característica que, segundo ele, é pouco notada pelos estudiosos: um forte traço de autoritarismo. Nesse sentido, também salientou que se quisermos pesquisar às origens desta característica não é necessário ir tão longe, como a Portugal dos anos 1500, mas, por exemplo, ver a influência que a ideologia proto-fascista teve nas classes intelectuais no começo do século passado e a ideologia socialista no pós-guerra, ambos com elementos totalitários e anti-éticos intrínsecos, como se viu ao longo da história do século XX com o fascismo italiano, o nazismo alemão, o socialismo-comunismo da U.R.S.S. e da Alemanha Oriental – períodos marcados por perseguições políticas, prisões arbitrárias, mortes etc.

ENCONTRO IFE

Bolívar Lamounier em sua palestra no seminário. (Foto: Janaína Ribeiro/Especial para AAN; editada)

Para ele, as classes intelectuais nacionais tinham influência sobre a classe política e, sendo elas influenciadas por estas ideologias, acabaram por conduzir os rumos políticos do Brasil em direção a governos autoritários e anti-éticos. Primeiramente influenciados pelo proto-fascismo, que levou a ditaduras no início do século XX e nas décadas seguintes; e, nas últimas décadas, com a situação de o País ser governado por um partido que – segundo ele – tem um cunho inegavelmente totalitário e de fundo socialista.

Sobre esta última ideologia, Lamounier ressaltou que sua influência se fortaleceu desde a época da Ditadura Militar e hoje tem predominância sobre os partidos políticos do país. Em entrevista ao Correio Popular, publicada no domingo 24/05, dizendo algo semelhante ao que havia dito na palestra, afirmou que “todo partido que afirma conhecer o caminho para um paraíso terrestre — como a sociedade sem classes dos socialistas — logo resvala para a doutrina de que os fins justificam os meios”. Desse modo, não demora a justificar a corrupção e a falta de ética como meios “necessários” à realização do caminho para o paraíso terrestre. Caminho que os ideólogos garantem conhecer, mas sem nunca defini-lo, como acontece, segundo o sociólogo, com o partido do atual governo. Mas Lamounier não é pessimista: acredita que a situação atual do Brasil, mergulhado numa escala de corrupção e falta de ética jamais vista na sua história, passará com o tempo (porém não em pouco tempo) deixando um legado de maturidade política.

Na segunda palestra, intitulada “A política na prática” e proferida por Luís Carlos Sotero, desembargador e ganhador do prêmio “Edgard de Moura Bittencourt” por sua atuação como “Defensor do Estado Democrático de Direito” pela APAMAGIS (Associação Paulista de Magistrados), o palestrante salientou que a sociedade brasileira está permeada pela famosa Lei de Gérson, com uma ética voltada à obtenção de vantagens pessoais, com disputas por cargos e comissões, bajulações e troca de favores, ficando em segundo plano a realização do bem-comum, a preocupação com os problemas da coletividade e o funcionamento das instituições.

Luís Carlos Sotero em sua palestra no seminário. (Foto: IFE Campinas)

Para ilustrar, baseado na sua experiência com a justiça laboral, citou o caso dos sindicatos que, ao contrário do que se pensa, não são tão democráticos. Ressaltou que grande parte deles, praticamente, não possuem alternância de poder. Com bom humor, comentou que, em certos casos, o presidente de um sindicato é a mesma pessoa que ocupa a presidência da confederação sindical e de organizações sindicais, e que só perde o cargo quando morre.

Mas seu tom, semelhante ao de Bolívar, não é de pessimismo. Ele acredita que é possível superar esta mentalidade da Lei de Gérson e criar uma cultura mais voltada ao bem-comum e ao bom funcionamento das instituições, promovendo uma sociedade e uma política mais éticas.

Repercussão do evento

Destacamos que o evento teve repercussão na mídia regional, em ao menos duas ocasiões do jornal Correio Popular: uma nota em 19/05 e outra matéria com entrevista em 24/05. A última delas foi a referida entrevista acima, de domingo 24/05, a qual reproduzimos em imagem abaixo:

Recorte-Matéria-Correio-Domingo

Galeria de fotos

Abaixo, uma galeria de fotos tiradas por membros do IFE Campinas durante o seminário. Basta clicar em alguma foto para ampliar e seguir a galeria de fotos em tamanho grande.

Agradecimentos